domingo, 25 de outubro de 2009

Fronteiras: Escarigo/La Bouza (Bouça)

Situada na peneplanície que se estende pela bacia média do Douro, encontramos esta fronteira local entre Escarigo e La Bouza (ou Bouça). Trata-se da última fronteira antes de chegarmos à região das arribas do Águeda, onde este afluente do Douro se encaixa no meio do soco hercínico, sendo que as rochas predominantes são as graníticas. É por essa razão que são frequentes na região as casas em pedra, mais evidente na região da Beira Interior onde achamos belos exemplos disto.

A fronteira é, neste caso, determinada pelo curso da Ribeira de Tourões antes da sua entrada no Águeda. A paisagem é uma paisagem granítica, com caos graníticos frequentes e solos pobres que não favorecem o desenvolvimento agrário, mas sim o pecuário. É por isso que, sobre tudo na região de Salamanca há quintas dedicadas à cria de touros bravos para o toureio, sendo mesmo algumas ganadarias muito importantes.

Esta região esteve na posse, durante séculos, do mosteiro de Santa Maria de Aguiar, perto de Figueira de Castelo Rodrigo. La Bouza, mesmo sendo uma aldeia espanhola, foi parte do domínio monástico até 1834 aquando da desamortização dos bens do clero regular, que supôs a extinção dos mosteiros. É por isso também que aparece na documentação portuguesa como Bouça, isto é, um território que terá sido uma floresta e que depois terá sido roçada para usos agrários. O território fez também parte da região de Riba Côa, isto é o território entre o rio Côa e o sistema formado pelos rios Águeda-Tourões, e que pertenceu ao reino de Leão até 1297, data do Tratado de Alcanices, em que foi reconhecido como território português.

De resto, Escarigo e La Bouza não deixam de ser duas aldeias pacatas onde o despovoamento do território e a emigração foram a única saída, na maior parte dos casos, para escapar à miséria.

Foto 1. Vista geral de Escarigo.
Foto 2. Zona da fronteira. A floresta queimada já está situada em território espanhol.
Foto 3. Ponte fronteiriça. Fronteira espanhola vista do lado de Portugal.
Foto 4. Ribeira de Tourões vista do lado português.
Foto 5. Ribeira de Tourões na direcção do Águeda vista da ponte fronteiriça.
Foto 6. Marco fronteiriço situado do lado de Portugal.
Foto 7. Ponte fronteiriça e fronteira portuguesa vista do lado de Espanha.
Foto 8. Ponte fronteiriça. Vista geral.
Foto 9. Marco fronteiriço situado do lado de Espanha.
Foto 10. Velha azenha em ruínas situada no lado português da Ribeira de Tourões.
Foto 11. Campos de lavoura de La Bouza e serras vizinhas.
Foto 12. Vista geral de La Bouza (Salamanca).



Ver Fronteira Escarigo/La Bouza num mapa maior

Mapa 1. Mapa de situação.

sábado, 10 de outubro de 2009

Fronteiras: Peso/Arbo

No vale do Minho, no meio das encostas dos campos dedicados ao cultivo da vinha, designadamente a casta «Alvarinho» (Albariño na Galiza e em galego), eis aqui uma ponte sobre o Minho, relativamente recente, que liga as localidades de Peso, no concelho de Melgaço, e de Arbo, na Galiza, na região da Paradanta, na província galega de Pontevedra.

Esta fronteira é a melhor opção para quem desejar visitar Melgaço, esta parte do vale do Minho e o Parque Nacional da Peneda Gerês, sendo que é a melhor via para chegar até Castro Laboreiro. Do lado da Galiza, é uma boa escolha para alcançar a A-52 ou auto-estrada das Rias Baixas perto da Cañiza para poder visitar as termas de Mondariz ou o burgo medieval de Ribadavia, sem esquecermo-nos da proximidade de Ourense e Vigo.

O Minho desce nestes lados entre rochas e penedos, sem ainda atingir o grau de navegabilidade que podemos ver já na vizinha Monção/Salvaterra do Minho ou ainda em Valença/Tui. Águas óptimas para tomar banho, como o demonstra o parque de lazer de Arbo que reflectem as fotografias, para além de serem águas onde a lampreia é o peixe rei, enchendo as panelas quentes das cozinhas minhotas (de ambos os lados do Minho) quando é a época.

Mas é a vinha e o vinho o que distingue esta região, com a marca Alvarinho, que em Portugal, fica incluída na Sub-região de Monção da Região dos Vinhos Verdes, se bem nada tem a ver um vinho verde qualquer (sem desprezá-los), com o sublime aroma e tacto de um Alvarinho. Apesar da casta «Alvarinho» ser idêntica em Portugal e na Galiza, há diferenças. Os vinhos da região do Grove ou Cambados, por exemplo, resultam mais azedos ao paladar, enquanto os vinhos d'O Rosal (a frente de Lanhelas e Seixas, c. de Caminha), já perdem parte desse azedume e já os alvarinhos de Monção e Melgaço não resultam azedos nem por isso. Talvez seja questão do clima, que é menos chuvoso e mais quente nesta região, nomeadamente no verão, o que faz que a uva amadureça mais rápido, atingindo um ponto de açúcar maior.

Daí que a paisagem destas terras, seja aquém ou além-Minho, seja muito semelhante, com domínio dos socalcos, casas em pedra de granito e espigueiros. E para usufruir da gastronomia da região, nada melhor do que se deliciar com um bom caldo verde e um bacalhau à Boavista, na Albergaria Boavista, simpático hotel e restaurante familiar com piscina situado na aldeia de Peso e de muito fácil localização, já que somente é preciso apanhar uma das saídas da rotunda a seguir à ponte fronteiriça, na EN202. De preferência com um bom «Alvarinho» da aldeia. Ou se se preferir uma refeição mais requintada, com vistas para o Minho, o restaurante «Panorama», em Melgaço, é uma óptima escolha, antes ou depois de ter passado pelo Solar do Alvarinho a fazer turismo enológico, com provas de vinho incluídas.

E se o almoço nos deixar ainda com forças, nada melhor que dar um pulinho até Castro Laboreiro e as outras aldeias serranas da Serra do Leboreiro, antes de chegarmos ao vale do Lima, quer até Entrimo, na Galiza, quer até Arcos de Valdevez ou Ponte da Barca depois de termos visitado o Santuário da Peneda e os espigueiros do Soajo.

Foto 1. Ponte sobre o Minho. Vista geral com Portugal ao outro lado do rio.
Foto 2. Rio Minho visto do Parque de lazer de Arbo. Outra vista da ponte.
Foto 3. Vale do Minho visto da parte galega.
Foto 4. Fronteira portuguesa.
Foto 5. Praia fluvial de Arbo.
Foto 6. Encostas de vinho de Albariño em Arbo. Casas e espigueiros.
Foto 7. Estrada da fronteira antes da sua entrada em Portugal.
Foto 8. Vista geral de Peso com a Serra da Peneda e do Laboreiro ao fundo.



Ver Fronteira Peso/Arbo num mapa maior

Mapa 1. Mapa de situação.