quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Fronteiras: Fóios/Navasfrías

No marco incomparável onde se unem as serras de Gata e Malcata, que pertencem à Cordilheira Central temos a última fronteira entre as terras beirãs e as terras de Salamanca. Trata-se da fronteira entre Fóios, aldeia de montanha situada no concelho do Sabugal, e Navasfrías, aldeia de Salamanca situada na região de El Rebollar, uma pequena área onde ainda subsistem umas interessantes falas asturo-leonesas.

A região é muito interessante do ponto de vista do património natural devido à sua diversidade, quer na vegetação, quer na fauna. O destaque vai para espécies arbóreas como o carvalho negro, típico dos climas de transição, o castanheiro, o azinhal ou o sobreiro, para além da algumas arborizações recentes de pinheiro e eucalipto. A fauna é também muito variada, com destaque para o lince ibérico, visto ter sido criada a Reserva Natural da Serra da Malcata como santuário para esta espécie. Não existe certeza de que haja exemplares de lince nesta região, para além de alguns indícios, mas certeza absoluta, lá isso não há... Isso sim, esta região está considerada como ideal para a sua reintrodução futura, a partir de espécies criadas em cativeiro. Outros animais destacados são o javali, o gato-bravo, a gineta, a raposa-vermelha ou a cegonha-preta.

Esta fronteira, como está situada num pequeno alto, permite, antes de chegar ao limite fronteiriço, ver uma bela panorâmica da peneplanície que se estende das terras de Salamanca até à Beira Alta. Depois, após uma leve descida, chegamos ao limite fronteiriço. O mais engraçado é o facto de a estrada acabar num caminho de terra batida na parte espanhola, sendo mais uma mostra de que os tempos entre ambos os dois países nem sempre são os mesmos.

A região é muito interessante, para além do património natural. Do lado de Espanha há as aldeias de El Rebollar, em granito, com uma arquitectura tradicional interessante para além de chegarmos até ao Puerto Viejo, limite de Salamanca com a Extremadura espanhola. Do lado de Portugal, as aldeias raianas resultam muito agradáveis, sobretudo no Verão e, mesmo que não estejam situadas na Raia, destacam os conjuntos arquitectónicos de Vilar Maior, Alfaiates, Sabugal e Sortelha. É que afinal não podemos esquecer que esta região pertence às terras de Ribacôa, território em luta entre os reinos de Portugal e de Leão, sendo uma terra leonesa até ao Tratado de Alcanices de 1297, quando passaram a integrar definitivamente o reino português.

Foto 1. Vista da fronteira do lado português.
Foto 2. Fronteira espanhola com estrada de terra batida.
Foto 3. Marco fronteiriço.
Foto 4. No limite fronteiriço com vistas para as serras de Gata-Malcata.
Foto 5. Reserva Natural da Serra da Malcata. Área de lazer no Côa.
Foto 6. Vistas sobre o rio Côa.
Foto 7. Tarde de Verão no Côa.



Ver Fronteira Fóios/Navasfrías num mapa maior

Mapa 1. Mapa de situação.

domingo, 15 de novembro de 2009

Fronteiras: Pomarão/El Granado

Perto das terras algarvias, onde o Guadiana volta a ser um rio fronteiriço, encontramos uma nova fronteira entre o porto do Pomarão e a localidade andaluza de El Granado. Trata-se de uma fronteira muito nova, já que a ponte de ligação entre ambas as duas localidades foi inaugurada em 26 de Fevereiro de 2009, sendo estas fotografias tiradas nas mini-férias de 1 de Maio. É, por tanto, uma oferta em exclusivo para todos os nossos leitores (parece que estou a anunciar uma revista. Eheheheh.)

Esta nova passagem transfronteiriça situa-se mesmo no Pomarão, pequena aldeia do concelho de Mértola, no Baixo Alentejo e que até hoje não tinha qualquer ligação com as vizinhas aldeias andaluzas. Trata-se de uma região de transição. A planície alentejana fica uns quilómetros a Norte, podendo aceder a esta aldeia de Mértola o de Minas de São Domingos. Essa monotonia é quebrada, subitamente, e a planície cai bruscamente formando encostas montanhosas sobre o Guadiana, que recorre a região, e que, após um grande meandro, volta a converter-se em rio fronteiriço, desta vez, já até à sua foz em Vila Real de Santo António/Ayamonte. Dominando esse meandro e no fundo, encontra-se a aldeia de Pomarão, banhada não apenas pelo Guadiana, mas também pelo Chança ou Chanza, rio fronteiriço na maior parte do seu curso e que desagua no Guadiana após formar uns metros mais acima uma grande barragem.

É por isso que esta região é de transição: A Norte a essência do Baixo Alentejo, para Leste, a Andaluzia espanhola de sevilhanas e olé, a Sul, o Sotavento algarvio fica a nossa espera para uns banhos em praias aprazíveis e umas cataplanas de peixe e marisco. É Alentejo mas não é Alentejo... a planície já lá foi!

Pomarão surge como uma aldeia ligada ao tráfico portuário. De lembrar que as marés permitem a navegação pelo Guadiana até este ponto (com maré alta é possível a navegação até Mértola), sendo que hoje esta localidade é ponto de partida de cruzeiros pelo rio, com visitas para Alcoutim, Sanlúcar de Guadiana e Vila Real de Santo António. Resulta uma óptima escolha para os meses de Maio e Junho, quando ainda não chegaram os rigores do Verão, com temperaturas escaldantes. Várias empresas disponibilizam o passeio em barco e um almoço em restaurantes locais, o que resulta uma delícia e uma experiência não direi única mas sim diferente.

O desenvolvimento da aldeia teve muito a ver com as minas de São Domingos que exportavam pirites pelo que se construiu um cais e uma linha ferroviária entre Minas de São Domingos e Pomarão. Com o encerramento das minas, ambas as aldeias entram em decadência, sendo que hoje tentam explorar os seus encantos turísticos.

Para além dos passeios em barco pelo Guadiana, a região oferece muito mais do que isso. Podemos mergulhar numa experiência que aúna luxo e sossego ficando hospedados na Estalagem São Domingos a um preço muito razoável dentro da sua categoria ou promoções especiais que podem ser vistas no site do hotel. Mértola fica a dois passos, com o seu castelo e, sobretudo, a sua igreja-mesquita, da época muçulmana e adaptada após a reconquista portuguesa, e que lembra os tempos da Mértola dos reinos de taifas, em que atingiu o seu máximo apogeu. Ou o vizinho Pulo do Lobo, uma cascata fluvial que apresenta uma queda de mais de 20 metros formada pelas águas do Guadiana.

Seja como for, trata-se de uma região a descobrir, onde é possível encontrar o máximo requinte e a simplicidade das coisas singelas num mesmo lugar.

Finalmente, como é costume neste blogue, damos as boas vindas aos nossos assinantes. É a vez de Toni, um blogueiro especializado em crítica gastronómica de restaurantes, designadamente espanhóis (com destaque para restaurantes asturianos), mas também de outros países europeus, incluindo Portugal num blogue em que ele é um dos autores e pode ser consultado aqui.

Foto 1. Fronteira espanhola de El Granado vista da ponte sobre o Chança.
Foto 2. Fronteira portuguesa de Pomarão (c. de Mértola).
Foto 3. Barragem do Chança.
Foto 4. Vista geral da ponte e do Pomarão.
Foto 5. Vista da nova ponte sobre o Chança (parte espanhola).
Foto 6. Foz do Chança e meandro do Guadiana.
Foto 7. Vista do Guadiana e do Pomarão.
Foto 8. Meandro do Guadiana e instalações portuárias.
Foto 9. Vista do Guadiana perto do Pomarão com a nova estrada espanhola à esquerda.
Foto 10. Vista da barragem do Chança antes de chegar ao Pomarão com as montanhas de Huelva ao fundo (Andévalo).


Ver Fronteira do Pomarão num mapa maior

Mapa 1. Mapa de situação.

domingo, 8 de novembro de 2009

Curiosidades fronteiriças: Miradouro do Cervo (V. N. de Cerveira).

Primeiro de tudo, quero dar as boas-vindas aos meus novos seguidores: Teresa Vargas e Pilland. Espero que continuem a gostar do blogue com o mesmo interesse que lhes levou a assinarem como seguidores e que este blogue continue a satisfazer as suas expectativas.

Relativamente ao tema de hoje quero oferecer aos meus leitores umas belas vistas do vale do Minho tomadas do Miradouro do Cervo, na freguesia de Lovelhe (c. de Vila Nova de Cerveira), na Serra da Gávea. Para mim, que costumo frequentar a região, foi uma bela experiência. As fotografias foram tomadas no último fim-de-semana de Agosto aquando da celebração da Feira Medieval na vila. Imaginem uma tarde de verão não excessivamente quente mas muito agradável, perto do pôr-do-sol, sem ruídos, sem gente, em comunhão com a Natureza, a desfrutar de umas belas vistas que se justificam por si só... Sim, isto tudo é poesia. Mas não são as viagens um pouco de poesia para nós? Poder descontrair, usufruir dessas pequenas coisas que fazem da vida algo que realmente vale a pena: um almoço ou jantar com uns amigos num lugar aconchegante, sentir o cheiro do mar, uma suave brisa quente do verão a passar pelas nossas maçãs do rosto... Hoje quero compartilhar uma experiência sensorial que é admirar a espantosa paisagem do vale do Minho numa tarde de Agosto.

Aconselho a todo o mundo visitar este Miradouro ao que chegamos em apenas cinco minutos de Vila Nova de Cerveira. Apesar de estar situado a apenas 300 m. de altitude, a paisagem surpreende pela sua espectacularidade e beleza. As fotografias falam por si só, pelo que é escusado adicionar mais palavras a esta mensagem. Façam um exercício de imaginação e submerjam-se no ambiente!

Foto 1. Miradouro do Cervo. Escultura do Cervo.
Foto 2. Vale do Minho ao sopé das Serras da Arga e de Góis com vistas para a freguesia de Gondarém e Ilha da Boega no Minho.
Foto 3. Vista do Rio Minho com V. N. de Cerveira em primeiro plano, a Ilha da Boega, a foz do Minho entre Caminha e Camposancos e monte de Santa Trega na Guarda (Galiza).
Foto 4. Pôr-do-sol com a Serra do Lousado (Galiza) ao fundo.
Foto 5. Ponte da Amizade (V. N. de Cerveira/Goián).
Foto 6. Vistas da freguesia de Lovelhe e o concelho de Tominho (Galiza).
Foto 7. Vistas para a freguesia de Reboreda e o concelho de Tominho (Galiza).
Foto 8. Vale do Minho em Reboreda.
Foto 9. Vistas para as freguesias de Campos, Vila Meã e o Monte Aloia (Galiza).
Foto 10. Vistas do Vale do Minho para a freguesia de S. Pedro da Torre (c. de Valença) e as localidades de Valença e Tui.





Ver Miradouro do Cervo num mapa maior

Mapa 1. Mapa de situação.