domingo, 26 de setembro de 2010

Fronteiras: Freixo de Espada à Cinta/Saucelle

Olá amigos! Depois de umas merecidas férias e compromissos profissionais inadiáveis, começo de novo com novos posts neste blogue. De certeza que alguns terão dito: "Epa, este gajo esqueceu-se de nós! Não actualiza o blogue nem nada..." Mas não..., não estou cansado do blogue nem vou deixá-lo. De facto, no Verão tive oportunidade de visitar novos lugares que serão de muito interesse com os que pretendo deliciar os leitores para além de relembrar os bons momentos que passei. Aproveito a ocasião para dar as boas-vindas aos novos amigos e para dizer que àqueles que fizeram comentários, terão a minha resposta em breve na mensagem onde os fizeram. Para os que me ofereceram fotografias de novos lugares que não aparecem ainda no blogue, tenho a dizer que já tenho, mas não tenho nenhum inconveniente em aceitá-las indicando, obviamente, a sua procedência assim que publicar uma nova mensagem sobre a região. Para estes e outros leitores que queiram fazer sugestões, perguntas, tirar dúvidas, etc., deixo o mail que acompanha este blogue:

historiasdaraia (at) gmail.com

E agora passamos à parte mais interessante. Hoje vou falar da região do Douro Internacional, mais concretamente da barragem de Saucelle (ou Saucelhe), que liga a localidade de Freixo de Espada à Cinta com Lumbrales, na província de Salamanca. Esta região está «povoada» por várias barragens que começam com a barragem de Castro de Alcañices, onde o Douro começa o seu curso internacional e se segue com as barragens de Miranda, Picote, Bemposta, Aldeadávila e Saucelle antes de ser inteiramente português a partir de Barca d'Alva.

Apesar de parecer uma região íngreme devido aos fortes desníveis que devem ser salvados, realmente é só no vale do Douro que isto se verifica. A Leste, na província de Salamanca, estende-se uma peneplanície apenas rota pelas arribas dos afluentes do Douro. A Oeste, na região transmontana, o Planalto Mirandês domina uma vasta região que chega até Mogadouro e que só começa a caracterizar-se por suaves lombas a partir desta localidade até Freixo, sendo que do Freixo até Barca d'Alva a região é mesmo muito montanhosa.

A saída do Freixo faz-se pela EN221 por uma estrada que serpenteia as lombas vizinhas até chegarmos a uma zona realmente íngreme onde é possível ver o Douro na sua extensão, entre montanhas, com vinhas em socalcos, amendoeiras e oliveiras. A descida para a barragem é relativamente rápida, já que em menos de dois km. já lá estamos. Ao contrário de outras fronteiras, nada indica que estamos a mudar de país a não ser um «P» e um «E» pintados na barragem com o número correspondente do marco fronteiriço. O mais engraçado é que mesmo à frente, do outro lado da estrada existe uma cabine que não sabemos se também estará partida em dois pela fronteira...

A região vale mesmo a viagem. Pretextos há e muitos: a sua gastronomia (não é possível deixar de esquecer a posta de vitela mirandesa, os enchidos, os vinhos e o excelente azeite da região), a natureza, o património, a observação de aves, rotas a pé ou pelas vias-férreas como as que ligam La Fregeneda com Barca d'Alva ou simplesmente querer ficar longe da civilização. Não é por acaso que esta região do Douro Internacional é uma das mais esquecidas de Portugal e do lado de Salamanca, a pesar de umas melhores comunicações facilitadas pelo relevo, podemos dizer a mesma coisa.

Espero que gostem e dou por iniciada esta etapa. Fiquem para ver mais em breve!

Foto 1. Perto da fronteira. Estrada de ligação com Freixo de Espada à Cinta.
Foto 2. Douro Internacional visto do lado de Portugal.
Foto 3. «Fronteira» portuguesa.
Foto 4. Acima da barragem. Vista das montanhas envolventes.
Foto 5. Marco fronteiriço no meio da barragem.
Foto 6. Entre dois países. Vista do Douro Internacional.
Foto 7. O Douro Internacional visto do lado de Espanha.
Foto 8. Entrada à província de Salamanca.


Ver Fronteira: Freixo de Espada à Cinta/Saucelle num mapa maior
Mapa 1. Mapa de situação.