segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Fronteiras: S. Pedro de Rio Seco/La Alameda de Gardón

Um exemplo dos bons resultados dos fundos europeus (nem tudo tem de ser mau!) é a multiplicação de novas ligações transfronteiriças. É o caso da fronteira entre São Pedro de Rio Seco, no concelho de Almeida, na Beira Interior, com a aldeia de La Alameda de Gardón, na província de Salamanca.

A ligação fronteiriça é muito recente (2008) se bem não tem sido até finais de 2009 que a estrada ficou já pronta com toda a sinalética. A ligação não é directa, mas sim por intermédio da estrada SA-470, que liga Aldea del Obispo com Fuentes de Oñoro/Vilar Formoso. Daí, a estrada local que vai até La Alameda de Gardón, fica umas centenas de metros mais além. Refira-se o facto de esta estrada SA-470 ser praticamente paralela à linha fronteiriça, sendo que nalguns pontos os marcos fronteiriços estão situados quase na berma da estrada conforme já foi dito noutro 'post' anterior. De facto, a fronteira fica a menos de dez metros do entroncamento da estrada portuguesa com a espanhola, como se pode ver nas fotografias que seguem.

As duas aldeias são um bom exemplo de aldeias raianas com as suas particularidades próprias dependendo do lado da Raia em que fiquem. A aldeia de São Pedro de Rio Seco fazia parte do território de Riba Côa, a pertencer ao reino de Leão antes do Tratado de Alcanices de 1297 e pertenceu ainda à diocese de Ciudad Rodrigo. Mais informações podem ser tiradas do site da freguesia. Relativamente à La Alameda de Gardón, referir apenas o facto de ser uma aldeia com metade da população de S. Pedro. De resto, ambas as duas aldeias fazem parte da peneplanície envolvente, que não conhece fronteiras, rota apenas por rios e ribeiras como a ribeira de Tourões, afluente do rio Águeda, que desagua em Barca d'Alva. A pecuária é a actividade mais importante, para além dos serviços. A emigração tem sido a saída de muitos dos seus moradores à procura de uma vida melhor. Do ponto de vista etnográfico, resultam interessantes as casas em pedra tipicamente beirãs, em granito, de S. Pedro de Rio Seco, que está muito melhor condicionada do que La Alameda de Gardón. Parece que as aldeias raianas de Salamanca estivessem votadas ao abandono...

Foto 1. Fronteira portuguesa vista do lado de Espanha.
Foto 2. Fronteira espanhola vista do lado de Portugal.
Foto 3. Marco fronteiriço.
Foto 4. Ponte sobre a ribeira de Tourões, a menos de duzentos metros da fronteira.
Foto 5. Ribeira de Tourões completamente seca, no Verão.
Foto 6. Caminho de S. Pedro de Rio Seco.


Ver Fronteiras: S. Pedro de Rio Seco/La Alameda de Gardón num mapa maior

Mapa 1. Mapa de situação. Refira-se o facto de não aparecer a nova estrada no mapa a causa da sua construção ter sido muito recente.

P.S. Dou as boas-vindas a Ricardo Nabais por ter sido o amigo do blogue número 31. Confio em que os motivos que o têm motivado continuem vigentes por muito tempo.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Fronteiras: Mairos/Vilarello

No concelho de Chaves, no vale do Tâmega existe uma série de fronteiras pouco conhecidas que ligam as povoações raianas flavienses às suas vizinhas galegas. Uma destas fronteiras é a existente entre Mairos e Vilarello (ou Vilarelho).

Mairos é uma aldeia raiana que dá nome à serra que delimita a fronteira e onde hoje encontramos um parque eólico. É a típica aldeia transmontana, do vale do Tâmega, onde se misturam os traços do casario tradicional com as novas construções dos emigrantes que foram para a França. Vilarello, situado no concelho galego de Vilardevós, apresenta uma situação mais ou menos parecida, embora a emigração galega nesta região tenha sido mais para a Suíça ou a Alemanha. Ambas as duas aldeias compartilham alguns traços comuns como é a forma de cultivo da terra, baseada no centeio e a policultura de batata, couve (nomeadamente a couve galega e couve grelo) e outras hortaliças.

A ligação faz-se por uma estrada que, partindo de Vilarello, inicia uma subida constante, com alguma perigosa, até chegar ao ponto fronteiriço onde a estrada é já plana e depois desce suavemente para um largo planalto onde está situada a aldeia de Mairos e outras vizinhas, antes de iniciar a sua descida, em encostas, para o vale do Tâmega.

O destaque, neste caso, vai para as questões etnográficas e do património, que sempre resultam interessantes nestes casos, para além das belas paisagens que oferecem estes lugares. Sem dúvida, um lugar onde poder perder-se, calmamente, sem renunciar, no entanto, à «civilização» que encontramos nas cidades de Chaves ou Verín.

Foto. 1 Limite fronteiriço conforme visto na mudança de piso.
Foto 2. Lado português da fronteira visto da Galiza.
Foto 3. Lado galego da fronteira visto do lado de Portugal.
Foto 4. Parque eólico na serra de Mairos.
Foto 5. Vale do Tâmega visto do limite fronteiriço
Foto 6. Vista geral de Mairos e do planalto.
Foto 7. Mairos vista da igreja matriz.
Foto 8. Igreja matriz de Mairos.
Foto 9. Vale do Tâmega visto da descida para Vilarello.
Foto 10. Vista geral de Vilarello.
Foto 11. Outra vista de Vilarello e os seus campos de lavoura.


Ver Fronteira Mairos/Vilarello num mapa maior
Mapa 1. Mapa de situação.

P.S. Dou as boas-vindas aos novos seguidores do blogue, Reis Quarteu, Miguel Elói e João. Espero que este blogue continue a oferecer aquilo que os motivou a segui-lo.