segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Localidades da Raia: Alegrete (c. de Portalegre, Alto Alentejo)

Olá amigos! Sim. Depois das festas e da preguiça que dá voltar a escrever, cá vai uma nova entrada, não sem antes desejar-vos, embora com demora, tudo de bom neste ano que já começou. O destaque vai esta vez para a vila de Alegrete que foi concelho e sede de concelho até 1855, ano em que foi extinto e passou a integrar-se no concelho de Portalegre como uma freguesia deste município do Alto Alentejo, por sinal, ainda o mais populoso depois da cidade.

A particularidade de Alegrete é estar situada nessa parte do Alentejo que não é planície, embora tenhamos belas vistas da mesma a partir do castelo. Isto porque fica ao sopé da Serra de S. Mamede, ao sudoeste da mesma. Naturalmente, é uma localidade raiana visto ficar perto da linha de fronteira e ser alvo de encarniçadas lutas, designadamente no século XIII relativamente à sua posse.

Nada se sabe acerca das suas origens, envolvida nas trevas dos tempos, mas terá sido ocupada brevemente pelas tropas de D. Afonso Henriques lá para 1160, quando começava o início da expansão portuguesa no Alentejo e que levaria à tomada de Évora por Geraldo Sempavor em 1165, tendo sido perdida após o «desastre de Badajoz» em 1169. Não será até o início do século seguinte que a povoação foi ocupada definitivamente.

O que se segue resulta um bocado confuso pelas contínuas lutas de Portugal com os seus vizinhos. O rei D. Sancho II ocupou Elvas em 1226, enquanto Alburquerque já tinha sido ocupada pelos leoneses em 1218 e foi Afonso IX de Leão quem ocupou Badajoz em 1230 juntamente com Campo Maior e Ouguela. Também sabemos que Arronches ficou para a coroa portuguesa mas não seria até à assinatura do Tratado de Badajoz de 1267 que Alegrete passou definitivamente às mãos do domínio de D. Afonso III, quem assinou o tratado juntamente com o seu sogro Afonso X de Castela. O que se passou nesse quase meio século entre a tomada de Alburquerque e o Tratado de Badajoz é uma incógnita, se bem sabemos que houve operações militares e tratados de paz como a Convenção de Sabugal de 1231.

Seja como for, será com D. Dinis que acabaram as obras de restauro e fortificação do castelo e a localidade receberá foral em 1319 e desempenhou um papel chave na crise de 1384-5 quando serviu de acampamento ao Condestável D. Nuno Álvares Pereira antes da batalha dos Atoleiros, no termo municipal de Fronteira, em que as tropas castelhanas foram vencidas. Será ocupada, no entanto, em 1475 pelos exércitos castelhanos na sequência das lutas de poder entre Joana de Trastâmara, a Beltraneja, casada com D. Afonso V, e Isabel, a Rainha Católica de Castela. Mais tarde recebeu um foral novo com D. Manuel I em 1516, sendo que desempenhou um papel importante de sentinela da fronteira aquando da guerra da Restauração a partir de 1640 e na guerra de Sucessão Espanhola, logo no início do século XVIII. Após um breve interlúdio em 1801 com a Guerra das Laranjas, o castelo e a localidade entraram em declínio, facto que motivou a sua extinção enquanto concelho, vindo-se a agravar com a emigração na década de sessenta do século passado, tendo hoje menos população do que em meados do século XVIII, não obstante as suas excelentes potencialidades turísticas.

O centro histórico da vila não é muito extenso, mas é bonito. No Largo da Praça, em que está situado um belo coreto, acedemos à Igreja Matriz, de estilo maneirista, se bem com muitas remodelações posteriores, com uma bela torre-sineira a branco e azul «Alentejo», tão característico da região também do século XVII e conhecida como Torre do Relógio. No Largo da Igreja há um belo adro, com calçada portuguesa que conduz às ruas do burgo medieval, entre as quais, o destaque vai obviamente para a Rua Direita, na qual encontramos ainda casas com portas medievais ogivais de estilo gótico. Daí acede-se ao castelo que se ergue, sobranceiro, numa cumeeira da qual é possível divisar parte da planície do Alto Alentejo, a Serra de S. Mamede e a linha de fronteira e a própria vila.

Sem dúvida, uma agradável localidade para um passeio de tarde em que apetece espairecer um bocado e simplesmente deixar-se levar pela inércia daquilo que nos chama a atenção. Obviamente, uma visita obrigada para quem está a fazer um percurso pela Serra de S. Mamede e não quer perder algumas das jóias   arquitectónicas mais valiosas da região serrana, excluindo Castelo de Vide e Marvão.

Foto 1. Torre do Relógio vista do Largo da Praça.
Foto 2. Fachada da Igreja Matriz.
Foto 3. Torre do Relógio vista do Largo da Igreja.
Foto 4. Largo da Igreja.
Foto 5. Vila de Alegrete vista do Largo da Igreja.
Foto 6. Calçada da Rua Direita.
Foto 7. O castelo de Alegrete visto da Rua Direita.
Foto 8. Acesso ao castelo.
Foto 9. Casa com porta medieval ao lado do acesso ao castelo.
Foto 10. Vistas para a Serra de S. Mamede.
Foto 11. Entrada ao castelo.
Foto 12. Interior do castelo e suas muralhas.
 Foto 13. Restos das fortificações e das muralhas.
Foto 14. Muralhas construídas na rocha.
Foto 15. Rua Direita vista do castelo com a Raia como pano de fundo.
Foto 16. Chaminés alentejanas da Rua Direita, Torre do Relógio e campanário da Igreja Matriz.
Foto 17. Outra perspectiva da vila.
Foto 18. Vistas para Vale de Cavalos, Tapada de Bairros e Tapada de Marvanejo.
Foto 19. Vistas para a planície do Alto Alentejo (c. de Portalegre, Alter do Chão e Fronteira).
 Foto 20. Vistas para a Serra de S. Mamede.



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Mapa 1. Mapa geral.


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Mapa 2. Mapa específico.