Depois de algum tempo afastado do blogue por motivos de saúde e, porquê não, pelo cansaço, vamos hoje retomar o nosso périplo pela Raia, desta vez, entre a aldeia de Santo André, no concelho de Montalegre, e A Xironda, no concelho galego de Cualedro. A fronteira está situada numa estrada local que liga as duas localidades, no fundo de um pequeno vale ao sopé da Serra do Larouco.
A região pertence a uma zona de transição entre o Barroso e a região do Alto Tâmega. Sendo o concelho de Montalegre muito extenso, Santo André faz parte junto com Vilar de Perdizes e outras poucas freguesias, daquela parte do município que pertence à bacia do Tâmega através dos seus afluentes. É por isso que estamos numa região de planalto que desce em suave declive para o vale do Tâmega. Se a aldeia de Santo André está situada entre os 820 e os 850 m. de altitude, já a aldeia da Xironda está situada entre os 750 e os 760 m. Entre ambas as duas, situa-se um pequeno relevo que ultrapassa os 790 m. do lado da Galiza para logo descer suavemente até ao limite fronteiriço, num pequeno vale situado entre os 730 e os 740 m. por onde discorre a Ribeira do Inferno, e onde encontramos extensos milheirais entre outras terras de lavoura e pequenas explorações avícolas e pecuárias. Após uma mudança de piso para uma estrada mais estreita já em terras portuguesas, uma pequena subida, mais íngreme do que a anterior, leva-nos ao planalto onde está situada a aldeia de Santo André, interessante do ponto de vista etnográfico.
No meio, um desvio por caminho de terra batida, indica a existência da vila romana de Grou. Infelizmente, não existe qualquer indicador da tal vila já após termos apanhado tal estradinha e ficamos, mesmo ao pé da Serra do Larouco, com a sensação de estarmos em terra de ninguém, porque sabemos que a fronteira está mesmo aí, desconhecendo se a ultrapassámos ou não. Mais um caso de sinalética que devia ser melhorada porque de nada vale por-nos o mel nos lábios de uma alegada vila romana e depois não encontrar outra coisa do que estradas esburacadas não asfaltadas pouco aptas para ligeiros e nada que indique a presença, mesmo que mínima, de restos arqueológicos da época romana.
De resto, a fronteira não oferece nada de interessante, a não ser o facto de estarmos perante uma bela paisagem e mais uma via de ligação entre Santo André e Vilar de Perdizes, esta vez, por terras galegas. Se pretendermos brincar com o jogo do gato e do rato com as fronteiras, este é o lugar ideal para ir mudando continuamente de país, pois teremos estradas locais daí até Vilarinho da Raia, já à beira do Tâmega.
Foto 1. Fronteira portuguesa vista do lado da Galiza.
Foto 2. Limite com a Galiza visto do lado de Portugal. Foto 3. Limite e marco fronteiriço.
Foto 4. Milheiral raiano, mesmo no limite fronteiriço visto para o lado de Portugal.
Foto 5. Vista da Serra do Larouco perto de Santo André.
Ver Fronteiras: Santo André (c. de Montalegre) / A Xironda num mapa maior
Ver Fronteiras: Santo André (c. de Montalegre) / A Xironda num mapa maior
Mapa 2. Mapa específico.
The kind of road - not the nature or the buildings - in this case give the real feeling of the frontier.
ResponderEliminarThanks for Your new report and all good wishes!
Best wishes to you too and thanks for your comment!
EliminarJá passei algumas vezes ao longo de Santo André na estrada de e para Montalegre, mas ainda nunca tive tempo ou vontade de ir até Santo André. Dizem que é uma aldeia interessante. Confirmas?
ResponderEliminarAh, mas um post que me dá vontade de ir já para lá a ver se descubro a tal vila romana! ;-)
Santo André é uma das aldeias que melhor conserva o carácter tradicional da região barrosã. O casario não está demasiado alterado com estilos ditos «modernos» e importações de emigrantes que reflectem as influências dos países onde estiveram. Por isso, se gostares de Etnografia, sim, vale a pena, mas como qualquer outra aldeia barrosã que tenha mantido o seu carácter tradicional.
EliminarQuanto à tal vila romana, neste fim-de-semana, no encontro da Lumbudus falei à respeito disso e um estudioso galego de Verín disse-me que fica mesmo na linha de fronteira, mas que realmente é um povoado castrejo, o que não deixa de ser interessante também, porque fica ao sopé da Serra do Larouco, que, pelos vistos, foi também o nome de um deus galaico, segundo as lápides encontradas na época romana.