domingo, 6 de maio de 2012

Fronteiras: Santo André (c. de Montalegre) / A Xironda

Depois de algum tempo afastado do blogue por motivos de saúde e, porquê não, pelo cansaço, vamos hoje retomar o nosso périplo pela Raia, desta vez, entre a aldeia de Santo André, no concelho de Montalegre, e A Xironda, no concelho galego de Cualedro. A fronteira está situada numa estrada local que liga as duas localidades, no fundo de um pequeno vale ao sopé da Serra do Larouco.

A região pertence a uma zona de transição entre o Barroso e a região do Alto Tâmega. Sendo o concelho de Montalegre muito extenso, Santo André faz parte junto com Vilar de Perdizes e outras poucas freguesias, daquela parte do município que pertence à bacia do Tâmega através dos seus afluentes. É por isso que estamos numa região de planalto que desce em suave declive para o vale do Tâmega. Se a aldeia de Santo André está situada entre os 820 e os 850 m. de altitude, já a aldeia da Xironda está situada entre os 750 e os 760 m. Entre ambas as duas, situa-se um pequeno relevo que ultrapassa os 790 m. do lado da Galiza para logo descer suavemente até ao limite fronteiriço, num pequeno vale situado entre os 730 e os 740 m. por onde discorre a Ribeira do Inferno, e onde encontramos extensos milheirais entre outras terras de lavoura e pequenas explorações avícolas e pecuárias. Após uma mudança de piso para uma estrada mais estreita já em terras portuguesas, uma pequena subida, mais íngreme do que a anterior, leva-nos ao planalto onde está situada a aldeia de Santo André, interessante do ponto de vista etnográfico.

No meio, um desvio por caminho de terra batida, indica a existência da vila romana de Grou. Infelizmente, não existe qualquer indicador da tal vila já após termos apanhado tal estradinha e ficamos, mesmo ao pé da Serra do Larouco, com a sensação de estarmos em terra de ninguém, porque sabemos que a fronteira está mesmo aí, desconhecendo se a ultrapassámos ou não. Mais um caso de sinalética que devia ser melhorada porque de nada vale por-nos o mel nos lábios de uma alegada vila romana e depois não encontrar outra coisa do que estradas esburacadas não asfaltadas pouco aptas para ligeiros e nada que indique a presença, mesmo que mínima, de restos arqueológicos da época romana.

De resto, a fronteira não oferece nada de interessante, a não ser o facto de estarmos perante uma bela paisagem e mais uma via de ligação entre Santo André e Vilar de Perdizes, esta vez, por terras galegas. Se pretendermos brincar com o jogo do gato e do rato com as fronteiras, este é o lugar ideal para ir mudando continuamente de país, pois teremos estradas locais daí até Vilarinho da Raia, já à beira do Tâmega.

Foto 1. Fronteira portuguesa vista do lado da Galiza. 
Foto 2. Limite com a Galiza visto do lado de Portugal.
Foto 3. Limite e marco fronteiriço.
Foto 4. Milheiral raiano, mesmo no limite fronteiriço visto para o lado de Portugal.
Foto 5. Vista da Serra do Larouco perto de Santo André.


Mapa 1. Mapa de situação.

Mapa 2. Mapa específico.

4 comentários:

  1. The kind of road - not the nature or the buildings - in this case give the real feeling of the frontier.
    Thanks for Your new report and all good wishes!

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  2. Já passei algumas vezes ao longo de Santo André na estrada de e para Montalegre, mas ainda nunca tive tempo ou vontade de ir até Santo André. Dizem que é uma aldeia interessante. Confirmas?
    Ah, mas um post que me dá vontade de ir já para lá a ver se descubro a tal vila romana! ;-)

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    1. Santo André é uma das aldeias que melhor conserva o carácter tradicional da região barrosã. O casario não está demasiado alterado com estilos ditos «modernos» e importações de emigrantes que reflectem as influências dos países onde estiveram. Por isso, se gostares de Etnografia, sim, vale a pena, mas como qualquer outra aldeia barrosã que tenha mantido o seu carácter tradicional.

      Quanto à tal vila romana, neste fim-de-semana, no encontro da Lumbudus falei à respeito disso e um estudioso galego de Verín disse-me que fica mesmo na linha de fronteira, mas que realmente é um povoado castrejo, o que não deixa de ser interessante também, porque fica ao sopé da Serra do Larouco, que, pelos vistos, foi também o nome de um deus galaico, segundo as lápides encontradas na época romana.

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