domingo, 20 de dezembro de 2009

Fronteiras: Monção/Salvaterra

Embora não tenha todas as fotografias pretendidas para este 'post' ao meu dispor, vou falar desta fronteira entre Monção e Salvaterra do Minho, aproveitando o facto de termos entre nós um novo amigo, Inácio, procedente destas terras do sul da Galiza.

Hoje só falarei da fronteira do Minho, ficando para mais adiante outras visões sobre o património de estas duas localidades fronteiriças. Um património muito interessante e que fala em guerras, baluartes, castelos e muralhas, mas também de algumas jóias como é o Palácio da Breijeira, não acessível ao público mas do qual podemos ver a linda fachada que tem.

Esta fronteira faz parte das novas pontes que se têm construído para unir as duas beiras do Minho, que receberam um impulso decidido a partir da integração na União Europeia e a queda das fronteiras. De uma só ponte, a velha ponte Eiffel entre Valença e Tui, passamos a ter cinco: V. N. de Cerveira/Goián, a nova Ponte Internacional que liga a A3 e a A55, Monção/Salvaterra e Peso/Arbo, para além da citada em primeiro lugar.

Isso tem feito que o trânsito entre ambas as duas localidades seja muito intenso, para além de facilitar uma boa ligação para Vigo pela auto-estrada A-52. Hoje é normal muitos portugueses comprarem nas lojas de Salvaterra ou atestarem o carro nas bombas locais, bem como os galegos irem ao Modelo ou ao Pingo Doce, com a vantagem de que ficam abertos aos domingos.

A ponte só tem feito afiançar uma realidade que já vinha de antigamente: as relações entre ambas as duas beiras do Minho sempre têm sido muito intensas, facilitadas pela língua. De facto, se Portugal tem alguma relação intensa além-fronteiras é com a Galiza, mais do que com quaisquer região autónoma, se bem que a Extremadura espanhola tem-se aproximado muito nos últimos anos, valorizando Portugal como parceiro estratégico.

Seja como for, lá vão umas fotografias do nosso mágico Minho.


Foto 1. Ponte sobre o Minho visto de Salvaterra.
Foto 2. Outra vista da ponte e do Minho.
Foto 3. Vista do Minho com a Serra do Leboreiro ao fundo.
Foto 4. Baluarte de Salvaterra.
Foto 5. Baluarte de Salvaterra visto de Monção.
Foto 6. O Minho visto da parte portuguesa da ponte.
Foto 7. Pôr-do-sol no Minho (visto da parte portuguesa).


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Mapa 1. Mapa de situação.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Fronteiras: Aldeia do Bispo/Navasfrías

Os amigos deste blogue felizmente continuam a aumentar. É com prazer que dou as boas-vindas a um novo amigo, professor do Ensino Secundário em Elvas e investigador, Arlindo Sena que tem vários blogues relacionados com a História e a Arte, mas também relacionados com estes temas raianos entre o que destaco «Memórias da Raia Ibérica».

O post de hoje está relacionado com a fronteira Aldeia do Bispo/Navasfrías. Esta aldeia da província de Salamanca conta com o facto de ter três fronteiras a ligar com as correspondentes aldeias portuguesas do concelho do Sabugal. De uma já falámos: a ligação por uma estrada de terra batida até Fóios, que na parte portuguesa é já alcatroada. De outra vamos falar em outra ocasião, com a ligação para Lageosa da Raia.

Como já referi para a fronteira de Fóios, o destaque vai para a paisagem. Uma paisagem onde domina essa espécie de transição climática que é o carvalho negro, conhecido em espanhol como rebollo ou melojo. Este tipo de espécies caracteriza-se pela marcescência, isto é, são caducifólias, mas as folhas não caem para o chão, limitando-se a se manterem na árvore até à saída dos novos brotes na primavera, o que dá um charme especial a este tipo de vegetação. São próprias de climas de transição, bem de um clima atlântico caracterizado pelas chuvas regulares, sem aridez estival, para um clima mais continentalizado e mediterrânico onde a característica básica é a aridez estival, pelo que é definitório de climas, como este da Beira Interior e as terras de Salamanca, com Invernos rigorosos e frios onde o clima não permite a «perda de tempo» que é a queda das folhas, sendo a sua permanência mais uma forma de adaptação ao meio.

De resto, as estradas são óptimas para o trânsito local, com uma renovação importante e recente para a ligação espanhola, que nos permite perdermo-nos por esses cantinhos entre as serras de Gata e Malcata e usufruir de belas paisagens e a tranquilidade e o sossego das aldeias. E, se calhar, poder ver ao vivo uma das manifestações culturais mais importantes da região: a capeia arraiana. Para quem não saiba, trata-se de uma corrida de touros específica das terras de Riba Côa, que atinge a máxima expressão em aldeias como Lageosa, Aldeia da Ponte ou Aldeia do Bispo. A cena do forcão é onde a tourada atinge o seu clímax.

O desenvolvimento da festa pode ver-se mais pormenorizadamente aqui. Infelizmente não tenho fotografias ilustrativas e como a minha política é incluir apenas fotografias minhas, uma visão da capeia arraiana pode ver-se neste link. Espero que gostem enquanto continuamos a aumentar o nosso conhecimento sobre o mundo esquecido dos arraianos...


Foto 1. Fronteira portuguesa vista da parte espanhola.
Foto 2. Fronteira espanhola vista da parte portuguesa.
Foto 3. Caminho de Navasfrías com vistas para a Serra de Gata.
Foto 4. Densa floresta com pinheiros e carvalhos negros.
Foto 5. Bosque de carvalho negro.


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Mapa 1. Mapa de situação.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Fronteiras: Elvas-Caia/Badajoz

Como começa a ser tradição, ou ao menos é o que parece, inicio este 'post' dando as boas-vindas aos novos amigos que me seguem pela Net. É a vez do Hotel Castrum Villae, um hotel de Castro Laboreiro que recomendo sem hesitar e um blogueiro da vizinha Extremadura espanhola, o Víctor Manuel, que tem um blogue absolutamente espantoso, com fotografias belíssimas da floresta e da fauna desta região tão abrangente como desconhecida e com a que o nosso querido Alentejo compartilha tantas coisas...

A fronteira de hoje é uma fronteira muito transitada (a terceira do país), entre Elvas e Badajoz. A divisão fronteiriça decorre pelo rio Caia, um afluente do Guadiana, pelo que é muito apropriado falar em fronteira do Caia (ou Caya, em espanhol). Esta fronteira apresenta duas passagens: a estrada antiga, que serve hoje para trânsito local, e a auto-estrada A6/A5, que faz uma curva um bocado esquisita, num intento de unir ambas as duas auto-estradas, a portuguesa e a espanhola.

A particularidade desta fronteira é o facto de ser o limite da cidade de Badajoz, que chega até ao mesmo rio, onde estão situados os prédios onde vivem os funcionários da Guardia Civil espanhola, para além da antiga alfândega. Lá perto fica também o parque aquático Lusibéria e o IFEBA, o pavilhão de feiras de Badajoz. Do lado de Portugal restam apenas uma área de serviço, que fica normalmente às moscas, pela diferença no preço dos carburantes, alguns cafés e a alfândega, se bem que muitas das habitações que lá existem infelizmente se encontram em mau estado. De lá até Elvas são apenas 6 km. até às Sochinhas, primeira zona habitada, antes de enveredar para a cidade e os fortes pela zonas industriais e comerciais que ficam ao lado, além dos restaurantes e alguma instalação hoteleira.

Trata-se de uma zona a requalificar, visto que vai concentrar, tanto no Caia português como no espanhol, a futura estação internacional do TGV Elvas-Badajoz da linha de alta velocidade Lisboa-Madrid, sendo que a estação de mercadorias vai ficar no lado português e a estação de passageiros no lado espanhol, mas com estrutura transfronteiriça, não excluindo a possibilidade de que parte da estação fique mesmo acima do rio Caia, para simbolizar essa abertura das fronteiras. Não podemos esquecer que isto vai ser realizado conjuntamente com a plataforma logística do Caia, também transfronteiriça, de 300 hectares no lado espanhol e 200 no lado português.

Esperemos que estes investimentos venham a modificar a pobre imagem que os nossos visitantes recebem assim que chegam a Portugal, com uma zona totalmente sem ser aproveitada e que poderia atrair novas infraestruturas, como a construção de habitações, espaços comerciais, etc. a beneficiar da proximidade de Badajoz, e a facilitar a expansão da cidade, mesmo em território português. Não devemos esquecer que já vivem muitos espanhóis entre nós e que os restaurantes e as lojas ficam cheios cada vez que há um feriado ou 'ponte' e a gostar da nossa gastronomia à boa maneira portuguesa. É claro que, com a crise, não há razão para muita esperança, mas vamos pensar pela positiva, e confiar em que estes investimentos contribuam para o desenvolvimento da região, uma região que não conhece fronteiras.

Para além de ser uma das fronteiras mais importantes de Portugal, esta é a última fronteira antes do rio Caia desaguar no Guadiana. Temos de lembrar que a foz do Caia é hoje o último ponto reconhecido pelo Tratado de Limites de 1864 e que não teve continuação no Tratado de Limites de 1927, que fixou as fronteiras entre a foz do Guadiana e a Ribeira de Cuncos. Entre o Caia e a Ribeira de Cuncos faltam por fixar cem marcos fronteiriços, mas duvido que isso venha acontecer alguma vez, já que Portugal não reconhece a soberania espanhola sobre Olivença, território que controla de facto desde 1801. Mas como este blogue não quer entrar em política, fica por aqui, limitando-se apenas a contar factos históricos.


Foto 1. Ponte sobre o Caia com indicação do limite fronteiriço e vista do rio Caia.
Foto 2. Pontes sobre o Caia (velha e nova) com indicação do limite fronteiriço.
Foto 3. Pontes sobre o Caia com vistas para o lado de Portugal.
Foto 4. Pontes sobre o Caia com vistas para o lado de Espanha.
Foto 5. Ponte José Saramago (auto-estrada) visto do lado de Espanha.
Foto 6. Posto fiscal do Caia (alfândega portuguesa) e auto-estrada A6 (Marateca-Caia).
Foto 7. Auto-estrada A6 em direcção a Elvas e Lisboa.
Foto 8. Antiga alfândega espanhola de Badajoz.
Foto 9. Auto-estrada espanhola A5 e instalações alfandegárias de Badajoz.
Foto 10. Cidade de Elvas vista do Caia espanhol.


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Mapa 1. Mapa de situação.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Fronteiras: Alcobaça/Azoreira

Em primeiro lugar, fico empolgado por ver como a pouco e pouco este blogue consegue atrair a atenção das pessoas ao ponto de termos já oito amigos que o seguem regularmente. Nesse sentido é a hora de dar as boas-vindas para o «velho conselheiro» Zé de Mello, que me permite seguir as notícias da cidade onde moro e ao Ricardo Fernandes. Desejo-lhes tudo de bom para eles e que continuem a gostar do blogue, um blogue que começou como um divertimento e que continuo a fazer pelo mero prazer estético de plasmar em palavras as minhas vivências, sensações e conhecimentos. Sem pressas, sem obrigações...

Hoje vou-vos falar de uma fronteira muito pouco conhecida, na Serra do Leboreiro. Trata-se da fronteira entre uma aldeia portuguesa, Alcobaça, e uma galega, Azoraira, separadas pelo ribeiro do Trancoso, um riacho que se transforma num rio pequeno afluente do Minho e que desagua no ponto mais setentrional de Portugal. O território faz parte da região do Alto Minho, pertencente ao concelho de Melgaço, e da parte da Galiza às Terras de Celanova, ao concello de Padrenda, na província de Ourense.

O acesso, da parte portuguesa, faz-se pela estrada que vai de São Gregório, na freguesia de Cristóval até Castro Laboreiro, já no Parque Nacional da Peneda-Gerês. A subida faz-se entre pequenas aldeias e uma densa vegetação com uma floresta típica da região atlântica, baseada no carvalho e o castanheiro, misturado tudo com lameiros para pastagens de gado, designadamente vacum.

Ambas as aldeias apresentam o mesmo feitio: casas de pedra granítica bem preparadas para resistir a chuva, o vento e os longos e frios Invernos e um regresso ao mundo rural profundo: a boiada a pastar, carros de bois cheios de palha, velhas vestidas todas de preto com lenço na cabeça, flashes de uma vida que não se sabe bem o quanto conseguirá resistir neste mundo da globalização e da modernidade. Será compatível a Internet com este modo de vida? Até pode parecer contraditório, mas acreditem que eu acho... Modernidade e tradição não têm por quê estar renhidas. De resto, para além do tradicional marco fronteiriço, nada indica que mudamos de um país para outro. Talvez, apenas a igreja matriz de Alcobaça nos indique que estamos ainda em Portugal, visto que as igrejas galegas rumaram para um estilo diferente no século XVIII, copiando o modelo da fachada do Obradoiro de Santiago.

Sem dúvida, um passeio que resulta ideal para quem procura curiosidades enquanto se desloca até a bela localidade de Castro Laboreiro, da qual teremos o prazer de falar mais adiante, enquanto contemplamos as belas vistas sobre o vale do Trancoso, o vale do Minho, a Serra do Laboreiro e, em geral, da parte sul da Galiza.


Foto 1. Limite fronteiriço visto da parte galega.
Foto 2. Marco fronteiriço situado na parte galega.
Foto 3. Ponte fronteiriça vista da parte galega e marco fronteiriço na parte portuguesa.
Foto 4. Ribeiro do Trancoso, limite entre ambos os estados.
Foto 5. Igreja Matriz de Alcobaça e coreto vistos do limite fronteiriço.
Foto 6. Alcobaça vista da Azoreira.
Foto 7. Vista geral da Azoreira.
Foto 8. Vista geral do vale do Trancoso com indicação do limite fronteiriço.


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Mapa 1. Mapa de situação.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Fronteiras: Fóios/Navasfrías

No marco incomparável onde se unem as serras de Gata e Malcata, que pertencem à Cordilheira Central temos a última fronteira entre as terras beirãs e as terras de Salamanca. Trata-se da fronteira entre Fóios, aldeia de montanha situada no concelho do Sabugal, e Navasfrías, aldeia de Salamanca situada na região de El Rebollar, uma pequena área onde ainda subsistem umas interessantes falas asturo-leonesas.

A região é muito interessante do ponto de vista do património natural devido à sua diversidade, quer na vegetação, quer na fauna. O destaque vai para espécies arbóreas como o carvalho negro, típico dos climas de transição, o castanheiro, o azinhal ou o sobreiro, para além da algumas arborizações recentes de pinheiro e eucalipto. A fauna é também muito variada, com destaque para o lince ibérico, visto ter sido criada a Reserva Natural da Serra da Malcata como santuário para esta espécie. Não existe certeza de que haja exemplares de lince nesta região, para além de alguns indícios, mas certeza absoluta, lá isso não há... Isso sim, esta região está considerada como ideal para a sua reintrodução futura, a partir de espécies criadas em cativeiro. Outros animais destacados são o javali, o gato-bravo, a gineta, a raposa-vermelha ou a cegonha-preta.

Esta fronteira, como está situada num pequeno alto, permite, antes de chegar ao limite fronteiriço, ver uma bela panorâmica da peneplanície que se estende das terras de Salamanca até à Beira Alta. Depois, após uma leve descida, chegamos ao limite fronteiriço. O mais engraçado é o facto de a estrada acabar num caminho de terra batida na parte espanhola, sendo mais uma mostra de que os tempos entre ambos os dois países nem sempre são os mesmos.

A região é muito interessante, para além do património natural. Do lado de Espanha há as aldeias de El Rebollar, em granito, com uma arquitectura tradicional interessante para além de chegarmos até ao Puerto Viejo, limite de Salamanca com a Extremadura espanhola. Do lado de Portugal, as aldeias raianas resultam muito agradáveis, sobretudo no Verão e, mesmo que não estejam situadas na Raia, destacam os conjuntos arquitectónicos de Vilar Maior, Alfaiates, Sabugal e Sortelha. É que afinal não podemos esquecer que esta região pertence às terras de Ribacôa, território em luta entre os reinos de Portugal e de Leão, sendo uma terra leonesa até ao Tratado de Alcanices de 1297, quando passaram a integrar definitivamente o reino português.

Foto 1. Vista da fronteira do lado português.
Foto 2. Fronteira espanhola com estrada de terra batida.
Foto 3. Marco fronteiriço.
Foto 4. No limite fronteiriço com vistas para as serras de Gata-Malcata.
Foto 5. Reserva Natural da Serra da Malcata. Área de lazer no Côa.
Foto 6. Vistas sobre o rio Côa.
Foto 7. Tarde de Verão no Côa.



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Mapa 1. Mapa de situação.

domingo, 15 de novembro de 2009

Fronteiras: Pomarão/El Granado

Perto das terras algarvias, onde o Guadiana volta a ser um rio fronteiriço, encontramos uma nova fronteira entre o porto do Pomarão e a localidade andaluza de El Granado. Trata-se de uma fronteira muito nova, já que a ponte de ligação entre ambas as duas localidades foi inaugurada em 26 de Fevereiro de 2009, sendo estas fotografias tiradas nas mini-férias de 1 de Maio. É, por tanto, uma oferta em exclusivo para todos os nossos leitores (parece que estou a anunciar uma revista. Eheheheh.)

Esta nova passagem transfronteiriça situa-se mesmo no Pomarão, pequena aldeia do concelho de Mértola, no Baixo Alentejo e que até hoje não tinha qualquer ligação com as vizinhas aldeias andaluzas. Trata-se de uma região de transição. A planície alentejana fica uns quilómetros a Norte, podendo aceder a esta aldeia de Mértola o de Minas de São Domingos. Essa monotonia é quebrada, subitamente, e a planície cai bruscamente formando encostas montanhosas sobre o Guadiana, que recorre a região, e que, após um grande meandro, volta a converter-se em rio fronteiriço, desta vez, já até à sua foz em Vila Real de Santo António/Ayamonte. Dominando esse meandro e no fundo, encontra-se a aldeia de Pomarão, banhada não apenas pelo Guadiana, mas também pelo Chança ou Chanza, rio fronteiriço na maior parte do seu curso e que desagua no Guadiana após formar uns metros mais acima uma grande barragem.

É por isso que esta região é de transição: A Norte a essência do Baixo Alentejo, para Leste, a Andaluzia espanhola de sevilhanas e olé, a Sul, o Sotavento algarvio fica a nossa espera para uns banhos em praias aprazíveis e umas cataplanas de peixe e marisco. É Alentejo mas não é Alentejo... a planície já lá foi!

Pomarão surge como uma aldeia ligada ao tráfico portuário. De lembrar que as marés permitem a navegação pelo Guadiana até este ponto (com maré alta é possível a navegação até Mértola), sendo que hoje esta localidade é ponto de partida de cruzeiros pelo rio, com visitas para Alcoutim, Sanlúcar de Guadiana e Vila Real de Santo António. Resulta uma óptima escolha para os meses de Maio e Junho, quando ainda não chegaram os rigores do Verão, com temperaturas escaldantes. Várias empresas disponibilizam o passeio em barco e um almoço em restaurantes locais, o que resulta uma delícia e uma experiência não direi única mas sim diferente.

O desenvolvimento da aldeia teve muito a ver com as minas de São Domingos que exportavam pirites pelo que se construiu um cais e uma linha ferroviária entre Minas de São Domingos e Pomarão. Com o encerramento das minas, ambas as aldeias entram em decadência, sendo que hoje tentam explorar os seus encantos turísticos.

Para além dos passeios em barco pelo Guadiana, a região oferece muito mais do que isso. Podemos mergulhar numa experiência que aúna luxo e sossego ficando hospedados na Estalagem São Domingos a um preço muito razoável dentro da sua categoria ou promoções especiais que podem ser vistas no site do hotel. Mértola fica a dois passos, com o seu castelo e, sobretudo, a sua igreja-mesquita, da época muçulmana e adaptada após a reconquista portuguesa, e que lembra os tempos da Mértola dos reinos de taifas, em que atingiu o seu máximo apogeu. Ou o vizinho Pulo do Lobo, uma cascata fluvial que apresenta uma queda de mais de 20 metros formada pelas águas do Guadiana.

Seja como for, trata-se de uma região a descobrir, onde é possível encontrar o máximo requinte e a simplicidade das coisas singelas num mesmo lugar.

Finalmente, como é costume neste blogue, damos as boas vindas aos nossos assinantes. É a vez de Toni, um blogueiro especializado em crítica gastronómica de restaurantes, designadamente espanhóis (com destaque para restaurantes asturianos), mas também de outros países europeus, incluindo Portugal num blogue em que ele é um dos autores e pode ser consultado aqui.

Foto 1. Fronteira espanhola de El Granado vista da ponte sobre o Chança.
Foto 2. Fronteira portuguesa de Pomarão (c. de Mértola).
Foto 3. Barragem do Chança.
Foto 4. Vista geral da ponte e do Pomarão.
Foto 5. Vista da nova ponte sobre o Chança (parte espanhola).
Foto 6. Foz do Chança e meandro do Guadiana.
Foto 7. Vista do Guadiana e do Pomarão.
Foto 8. Meandro do Guadiana e instalações portuárias.
Foto 9. Vista do Guadiana perto do Pomarão com a nova estrada espanhola à esquerda.
Foto 10. Vista da barragem do Chança antes de chegar ao Pomarão com as montanhas de Huelva ao fundo (Andévalo).


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Mapa 1. Mapa de situação.

domingo, 8 de novembro de 2009

Curiosidades fronteiriças: Miradouro do Cervo (V. N. de Cerveira).

Primeiro de tudo, quero dar as boas-vindas aos meus novos seguidores: Teresa Vargas e Pilland. Espero que continuem a gostar do blogue com o mesmo interesse que lhes levou a assinarem como seguidores e que este blogue continue a satisfazer as suas expectativas.

Relativamente ao tema de hoje quero oferecer aos meus leitores umas belas vistas do vale do Minho tomadas do Miradouro do Cervo, na freguesia de Lovelhe (c. de Vila Nova de Cerveira), na Serra da Gávea. Para mim, que costumo frequentar a região, foi uma bela experiência. As fotografias foram tomadas no último fim-de-semana de Agosto aquando da celebração da Feira Medieval na vila. Imaginem uma tarde de verão não excessivamente quente mas muito agradável, perto do pôr-do-sol, sem ruídos, sem gente, em comunhão com a Natureza, a desfrutar de umas belas vistas que se justificam por si só... Sim, isto tudo é poesia. Mas não são as viagens um pouco de poesia para nós? Poder descontrair, usufruir dessas pequenas coisas que fazem da vida algo que realmente vale a pena: um almoço ou jantar com uns amigos num lugar aconchegante, sentir o cheiro do mar, uma suave brisa quente do verão a passar pelas nossas maçãs do rosto... Hoje quero compartilhar uma experiência sensorial que é admirar a espantosa paisagem do vale do Minho numa tarde de Agosto.

Aconselho a todo o mundo visitar este Miradouro ao que chegamos em apenas cinco minutos de Vila Nova de Cerveira. Apesar de estar situado a apenas 300 m. de altitude, a paisagem surpreende pela sua espectacularidade e beleza. As fotografias falam por si só, pelo que é escusado adicionar mais palavras a esta mensagem. Façam um exercício de imaginação e submerjam-se no ambiente!

Foto 1. Miradouro do Cervo. Escultura do Cervo.
Foto 2. Vale do Minho ao sopé das Serras da Arga e de Góis com vistas para a freguesia de Gondarém e Ilha da Boega no Minho.
Foto 3. Vista do Rio Minho com V. N. de Cerveira em primeiro plano, a Ilha da Boega, a foz do Minho entre Caminha e Camposancos e monte de Santa Trega na Guarda (Galiza).
Foto 4. Pôr-do-sol com a Serra do Lousado (Galiza) ao fundo.
Foto 5. Ponte da Amizade (V. N. de Cerveira/Goián).
Foto 6. Vistas da freguesia de Lovelhe e o concelho de Tominho (Galiza).
Foto 7. Vistas para a freguesia de Reboreda e o concelho de Tominho (Galiza).
Foto 8. Vale do Minho em Reboreda.
Foto 9. Vistas para as freguesias de Campos, Vila Meã e o Monte Aloia (Galiza).
Foto 10. Vistas do Vale do Minho para a freguesia de S. Pedro da Torre (c. de Valença) e as localidades de Valença e Tui.





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Mapa 1. Mapa de situação.