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domingo, 3 de março de 2013

Paisagens da Raia: Forte de San Lourenzo e rio Minho (Goián (San Cristovo), c. de Tominho, Galiza)

Uma das coisas que mais me apraz é dar voltinhas sem um motivo concreto, de carro, e parar naqueles lugares que mais me chamam a atenção. Isto sem ter de ser uma visita integral de uma localidade ou seguir um plano à risca. Este tipo de passeios têm o inconveniente de sentir que não acabamos de conhecer bem uma região, mas ao mesmo tempo têm a vantagem de que sempre descobrimos algo de novo naquilo que nos é muito familiar. É o que me acontece com a região ribeirinha do rio Minho. Tenho-a percorrida inúmeras vezes, tantas vezes sem conta, mas nunca me canso de voltar, porque sempre há alguma coisa a descobrir, a ter tida em conta.

A entrada de hoje pretende isso, trazer algo de sossego, em tempos turbulentos como os que estamos a viver, porque até quando temos um senso de revolta contra tantas coisas que nos desagradam, que nos parecem injustas, precisamos de uma pausa para manter a nossa cabeça fria, pensar e ordenar as nossas ideias e ver que, mesmo quando não parece haver motivos para a alegria, os que pensam que dirigem os nossos destinos, esquecem que há algo de muito comovente que não nos podem tirar: o direito a usufruir das nossas experiências vitais, o prazer de sentir a felicidade nas coisas pequenas, simples, que não custam nada ou tão pouco que é impossível não gozar com elas.

Hoje não pretendo dar mais maçada, mas partilhar o que foi parte de uma tarde aprazível de Verão em 2012, em que estive a dar um passeio pela região. À frente de Vila Nova de Cerveira fica a localidade galega de Tominho (ou Tomiño, em galego normativo), hoje com algo mais de 2 000 habitantes, que aparece na documentação medieval em 1258 como sendo parte das herdades do domínio do mosteiro de Oia, um mosteiro que fica a uns 13 km. da Guarda, sita na proximidade da foz do Minho, à frente de Caminha, famosa pela citânia de Santa Trega. Este mosteiro teve muitas propriedades na diocese de Tui, que na altura abrangia, até 1409, ambas as margens do Minho, até ao rio Lima. Daí que também possuísse herdades em Cerveira. 

Obviamente, como não podia ser de outra forma, a localidade rapidamente foi alvo das razias das guerras com Portugal, designadamente na Guerra da Restauração. De facto, em 1663, o governador de armas da província de Entre-Douro-e-Minho ocupou a aldeia, que presumivelmente não voltou a mãos castelhanas até a assinatura do tratado de paz de 1668. Essa invasão permitiu ainda ocupar a vizinha vila da Guarda, o Rosal e até Gondomar da Galiza, no chamado Val Miñor. Durante esse tempo, foram acabadas as fortificações portuguesas e ainda foi construída uma ponte de barcas no rio Minho para facilitar o trânsito. 

A necessidade de uma fortaleza mais reduzida e mais prática, levou o rei Filipe IV à construção do Forte de San Lourenzo, mesmo à beira do rio Minho, para a defesa da fronteira, que ficou concluído em 1672. Teve alguma importância na Guerra Peninsular, caindo depois em desuso. Mesmo ao lado existe uma praia fluvial e o cais onde parava o antigo «ferry-boat» que fazia a ligação entre Vila Nova de Cerveira e Goián até ao ano de 2004 quando abriu ao trânsito a «Ponte da Amizade». Hoje o antigo ferry é um restaurante e café ancorado no cais de Cerveira.

O lugar é frequentado não apenas no Verão para usufruir de um bom banho, mas também pelos pescadores dos dois lados do Minho, designadamente na pesca da lampreia, um pitéu muito conceituado na região. É ainda um lugar de cultura da vinha, nomeadamente da casta Alvarinho, que também está espalhada na Galiza  nos vinhos brancos da DOP Rias Baixas. A diferença com os vinhos portugueses da casta Alvarinho, da Sub-região de Monção e Melgaço da DOP dos Vinhos Verdes é que os vinhos resultam mais azedos, consoante a sua latitude (mais quanto mais a norte) e segundo recebam mais ou menos luz. Por exemplo, os vinhos da região do Rosal, são mais parecidos com os alvarinhos portugueses, mas a sua situação a sul, menos exposta ao sol da tarde no Verão, fazem com que os vinhos tenham mais alguma acidez. Obviamente influi em tudo o «savoir-faire» de cada região no produto final.

O lugar resulta ideal para um passeio pela região, combinado com outras localidades como a própria Vila Nova de Cerveira, Caminha, Valença, Tui ou A Guarda e o que há de bom é que pode ser visitada durante todo o ano, porque cada estação tem o seu charme.

Foto 1. Forte de San Lourenzo. Muralhas e fosso.
Foto 2. Forte de San Lourenzo com vistas para V. N. de Cerveira.
Foto 3. V. N. de Cerveira vista do cais de Goián, no rio Minho.
Foto 4. Praia fluvial no Minho, com Gondarém ao fundo e a Serra de Arga,
Foto 5. V. N. de Cerveira, o antigo cais e a Serra da Gávea ao fundo.
Foto 6. Cervo da Serra da Gávea.
Foto 7. Videiras da casta Alvarinho em Goián, já perto da Ponte da Amizade.


Mapa 1. Mapa geral.

Mapa 2. Mapa específico.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Localidades raianas: Venade (f. de Venade, c. de Caminha)

Um dos prazeres que o viajante pode sentir quando se perde entre aldeias e localidades raianas é encontrar lugares calmos e de incrível beleza. Localidades que transmitem o calor da tradição ao mesmo tempo que ficamos perto da «civilização». No Alto Minho existem inúmeras aldeias que cumprem à perfeição isto que acabámos de dizer.

Hoje vou deter-me na freguesia de Venade, no concelho de Caminha. Trata-se de uma freguesia rural não muito distante da vila pois fica a apenas 3 km. É uma aldeia típica minhota em que alternam casas tradicionais com vivendas mais modernas, quer dos emigrados ao estrangeiro, quer daqueles mais abastados que decidiram comprar vivendas de estilo moderno e funcional. Como muitas aldeias do Minho, convenhamos que o seu centro estaria situado no Largo António Joaquim Alves da Cruz, em que estão situados a igreja paroquial, o cemitério, o coreto e o cruzeiro, para além de alguns cafés. Mas realmente estamos perante uma localidade plurinucleada, isto é dividida em «lugares» mais ou menos compactos, entre os quais existem espaços agrários com culturas nas que o destaque vai para o milho e mais secundariamente para a videira própria do vinho verde, emparrada. 

Geográficamente fica situada a Sul do rio Coura, pouco antes de desaguar no rio Minho e aparece dividida pelo rio Tinto, um riacho que em tempos detinha vários moinhos. Estamos, portanto, perante uma fértil veiga cheia de milheirais que aproveitam a parte mais funda do vale, enquanto as vivendas dispõem-se a meia encosta das montanhas circundantes. Daí é possível ver a vila de Caminha, a foz do rio Coura, o estuário do Minho e o monte de Santa Trega, já na Galiza, no qual existe uma famosa citânia castreja e a localidade de Camposancos, pertencente ao concelho da Guarda, e donde parte o ferry-boat que liga esta com Caminha, não sem problemas, já que o Minho sofre o impacte do assoreamento da sua foz, o que obriga a dragagens contínuas para manter o canal de navegação entre ambas as localidades.

Como dissemos, existem vários «lugares» dentro da localidade, que tem pouco mais de 800 habitantes, como são os de Poço, Feital, Fornas, Coruche, Ribas (lugar em que fica a igreja matriz), Barge, Cruzinha, Mouteira, Rosmaninho, Sobral, Veiga-Junqueira, Campo Velho, Cruzeiro, Rio Tinto, Aldeia Nova, Escusa, Castanheirinho e Chão. Sim, 18 topónimos diferentes!  Nisto existe uma ligação óbvia com toda a fachada atlântica da Península Ibérica entre o Baixo Mondego e o País Basco, sendo mais representativo este fenómeno na orla litoral e pré-litoral da região de Entre-Douro-e-Minho, a Galiza e as Astúrias. Não é mais do que uma expressão dos elementos que singularizam o Noroeste peninsular ao qual não é alheio o Alto Minho.

Do miradouro do Penedo do Fojo teremos a oportunidade de desfrutar de belas vistas para toda a localidade, Caminha, o Minho e a Galiza. Sem dúvida, um recanto com charme e sossego que convida para isso que os franceses sabem fazer bem: la flânerie! Donc, a se flâner!


Foto 1. Fachada da Igreja paroquial do século XVIII.
Foto 2. Outra vista da fachada e do edifício da igreja.
Foto 3. Cemitério e vista para Aldeia Nova e as montanhas circundantes.
Foto 4. Lateral da igreja com vistas para Aldeia Nova.
Foto 5. Coreto de Venade.
Foto 6. Cruzeiro.
Foto 7. Vista a partir do Penedo do Fojo com Venade em primeiro plano, Caminha em segundo e o Minho e Santa Trega ao fundo.
Foto 8. Vista da foz do rio Coura, as pontes ferroviária e rodoviária, o Minho e Camposancos (Galiza) ao fundo.
Foto 9. Milheiral com vistas para a Aldeia Nova.
Foto 10. Aldeia Nova vista da ponte do rio Tinto entre vivendas, milheirais e a floresta.
Foto 11. Parreira no bairro do Cruzeiro.
Foto 12. Milheirais e vistas dos bairros de Escusa e Barge.
Foto 13. Vistas de Campo Velho, Rio Tinto e Rosmaninho entre milheirais e videiras.
Foto 14. Venade (círculo vermelho) vista do monte Santa Trega (Galiza).


Ver Venade (f. de Venade, c. de Caminha) num mapa maior
Mapa 1. Mapa de localização.
Mapa 2. Mapa específico.

sábado, 28 de janeiro de 2012

Aldeias fronteiriças: Ribeiro de Baixo.

Em primeiro lugar e antes de começar com o meu 'post' quero, embora tardiamente, desejar a todos os meus leitores tudo de bom neste ano de 2012 e que as festas tenham decorrido de maravilha junto dos seus familiares ou lá onde tiverem estado. Por motivos pessoais não tive tempo nem vontade de actualizar o blogue, pelo que, sendo verdade que posso escrever quando me apetecer, peço desculpa àqueles leitores que me seguem fielmente e que esperam novidades cá no «Fronteiras».

Mas como tudo nem é mau, tenho de dizer que parte da época do Natal aproveitei-a para descobrir novos lugares fronteiriços, entre eles este do qual vou falar hoje, em exclusivo para os leitores do «Fronteiras». No Alto Minho, no concelho de Melgaço, na sua freguesia mais extensa, a de Castro Laboreiro, para além da Vila, da qual teremos ocasião de falar, existem várias aldeias que recebem o nome de «brandas» (lugares mais altos) ou «inverneiras» (os mais baixos). Uma dessas aldeias, das incluídas nas inverneiras, é Ribeiro de Baixo, que obviamente é muito desconhecida pela grande maioria dos portugueses. A maior parte das pessoas relacionam Melgaço com o rio Minho, mas isso é verdade só em parte. Na realidade, a maior parte desta freguesia que faz parte, aliás, do Parque Nacional da Peneda-Gerês, está inserida do ponto de vista hidrográfico, na bacia do Lima, tendo como rio principal o Laboreiro, que desagua na barragem do Alto Lindoso (e portanto no Lima) e que se converte em rio fronteiriço após passar as aldeias da Ameijoeira e Mareco.

A freguesia está cheia de estradas rurais, uma das quais parte da própria Vila e que conduz até a inverneira de Ribeiro de Baixo, a última aldeia e a mais isolada de todos, além de ser a que está situada a uma altitude mais baixa (540 m. a beira-rio) em contraste com a elevada altitude das brandas ou aldeias de planalto que ultrapassam os 1 000 m. A estrada é na realidade um beco sem saída porque constitui o único elo de ligação com o resto do território e do mundo, por assim dizer. A aldeia fica encaixada no fundo do vale, existindo dois «bairros», um que fica na parte alta da mesma, entre os 600 e os 700 m. de altitude e outro que fica perto do rio, a uns 550 m. Daí que parte da produção agrária deva fazer-se em terrenos muito elevados em encostas íngremes, pelo que o cultivo da videira, por exemplo, que se dá nestas terras mais ensolaradas e menos expostas aos nevões do planalto, seja feito em socalcos.

A aldeia propriamente dita não oferece elementos distintivos do que qualquer outra aldeia minhota. Há influências serranas nas casas tradicionais pelo uso da pedra de granito, existem alguns espigueiros e há uma grande importância da pecuária, designadamente de vacas e cabras. Para além de algumas casas típicas de emigrantes, a aldeia quase não apresenta grandes mudanças no casario tradicional a não ser o facto de estar pavimentada e as comodidades modernas como a luz, a água, etc.

A fronteira não se distingue porque não existe na prática. Não há comunicações com o lado galego da fronteira porque do outro lado do rio Laboreiro, para além de uma pequena e reduzida mas fértil veiga, a Serra do Quinxo, situada integramente no concelho galego de Entrimo, constitui uma verdadeira muralha, um entrave às comunicações, já que chega a ultrapassar os 1 150 m. de altitude. Dai que o rio Laboreiro apresente águas bravas neste ponto, com cascatas espectaculares e águas cristalinas. O destaque vai certamente para a paisagem envolvente porque podemos ver nestas agrestes montanhas quase no meio de nenhures, alguns sinais de vida, lameiros verdejantes e videiras, com um sol convidativo ao «dolce far niente». 

No rio Laboreiro existe uma ponte que comunica os dois lados, o português e o galego, mas nada indicaria isto se não fosse por um marco fronteiriço degradado e marcado numa pedra próxima e um cartaz em galego que nos indica que estamos na Baixa Limia.

Enfim, mais uma vez, um recanto esquecido e perdido na nossa Raia que vale a pena conhecer.

 Foto 1. Cultivo da videira em socalcos, na parte alta da aldeia.
 Foto 2. Parte baixa da aldeia vista da parte alta, com a Serra do Quinxo ao fundo.
 Foto 3. Vista geral da parte baixa, do rio Laboreiro e dos lameiros situados na parte galega.
 Foto 4. Rio Laboreiro entre Portugal e a Galiza antes de entrar no Ribeiro de Baixo.
 Foto 5. Lameiros da parte galega vistas do lado de Portugal.
 Foto 6. Capela da aldeia, situada na parte alta.
 Foto 7. Rio Laboreiro visto do lado de Portugal.
 Foto 8. Parte baixa da aldeia e veiga do rio Laboreiro.
 Foto 9. Marco fronteiriço na parte galega.
 Foto 10. Numeração do marco numa pedra próxima.
 Foto 11. Cartaz galego indicando o Parque Natural da Baixa Limia-Serra do Xurés.
 Foto 12. Rio Laboreiro e ponte fronteiriça.
 Foto 13. Rio Laboreiro visto da ponte fronteiriça em direcção Sul.
 Foto 14. Rio Laboreiro visto da ponte fronteiriça (e a minha sombra!) em direcção Norte.
 Foto 15. Na beira do rio Laboreiro na parte portuguesa com vista para o monte do Quinxo na serra do mesmo nome.
 Foto 16. Ponte fronteiriça vista do lado português.


Mapa 1. Mapa de situação.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Fronteiras: Dois pontos fronteiriços na Ribeira do Trancoso (I)

Primeiro de tudo, sei que tive este tempo todo abandonado o blogue. Peço desculpa aos meus ávidos leitores. É devido a que, finalmente, vou ler a minha tese de doutoramento e, obviamente, estive muito ocupado em pormenores que deviam ser solucionados. Em segundo lugar, quero anunciar também que pretendo, brevemente, mudar a estética do blogue, e convidar às pessoas que quiserem, para aderir a um perfil específico para este blogue no Twitter e no Facebook. A ideia é fazer das redes sociais mais um instrumento de publicidade do blogue e acrescentar notícias, artigos de opinião, reportagens, etc., que pela sua natureza não têm cabida aqui, mas são interessantes do ponto de vista das relações transfronteiriças. Em terceiro lugar, quero dar os parabéns às mais de 40 000 visitas que este blogue já teve, o que é todo um sucesso, tendo em conta que não é um blogue popular, mas restrito a uma minoria interessada nestas coisas. Finalmente, quero dar as boas-vindas ao nosso amigo número 32 JC, ao qual espero continue a gostar do blogue e que este continue a ser tudo aquilo que o levou a isso.

Já agora, entramos em matéria. Há tempo falei sobre a fronteira muito pouco conhecida, no concelho de Melgaço, entre Alcobaça e Azoreira. Hoje vou falar de mais uma fronteira ainda menos conhecida, um bocadinho mais para baixo, no vale do Trancoso, rio ou ribeira que faz fronteira entre Portugal e a Galiza. Realmente encontramos mais dois pontos de passagem dos quais comentaremos um.

Na freguesia de Fiães, sede do famoso mosteiro medieval de Santa Maria de Fiães, que teve propriedades na parte portuguesa e na parte galega do vale, situa-se a aldeia de Á-da-Velha e na paróquia galega de Padrenda encontramos a aldeia de Cela de Abaixo. O Trancoso separa ambas as duas aldeias no que é um vale pacato cheio de pastagens, espigueiros e campos de milho, para além de casas em granito sem quase diferenças perceptíveis entre as do lado galego e as do lado minhoto.

A despovoação fez que, infelizmente, muitas casas estejam fechadas ou mesmo abandonadas, devotadas à lenta agonia de uma desaparição certa. A agricultura e a pecuária continuam a ser as actividades económicas essenciais pelo que não há muitas possibilidades de desenvolvimento, mais ainda se tivermos em conta que estas aldeias ficam longe da sede de concelho ou do desenvolvimento turístico de localidades como Castro Laboreiro, ligadas ao Parque Nacional da Peneda-Gerês.

Para quem goste de explorar lugares pouco conhecidos, um passeio por estes locais pode ser uma óptima ideia para descontrair e passar uma tarde ou um dia de manhã ensolarada e desfrutar da paisagem ao mesmo tempo que fazemos exercício e ficamos em forma. Isto tem a vantagem de ficar perto de Castro Laboreiro, pelo que depois podemos almoçar, por exemplo, no Hotel Castrum Villae, onde poderemos deliciar-nos com o sabor da cozinha alto-minhota. Da vez que fiz isto, almocei um polvo à lagareiro espantoso, regado com um bom vinho de Alvarinho da Sub-Região de Monção, na qual o destaque vai para alguns vinhos do concelho de Melgaço. Uma boa sobremesa e um café é tudo o que se precisa para acabar. Se for no Verão, teremos ainda oportunidade de percorrer as ruazinhas de Castro Laboreiro e baixar a comida!

Foto 1. Vista das casas de Á-da-Velha e dos seus espigueiros e a aldeia galega de Pousafoles ao fundo.
Foto 2. Igreja de Á-da-Velha.
Foto 3. Espigueiros e vista da aldeia da Cela de Abaixo.
Foto 4. Ponte da fronteira visto do lado de Portugal.
Foto 5. Ponte da fronteira visto do lado da Galiza.
Foto 6. No meio da ponte e ano de construção e/ou inauguração (10 de Novembro de 2001).
Foto 7. Marco fronteiriço.
Foto 8. Rio Trancoso (esquerda, Galiza; direita, Portugal).
Foto 9. Campos de lavoura e casas da Cela de Abaixo.


Ver Fronteira Á-da-Velha/Lapela num mapa maior
Mapa 1. Mapa de situação.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Fronteiras: Portela do Homem

No Parque Nacional da Peneda-Gerês, que agora faz parte também do Parque Transfronteiriço Gerês-Xurés, encontramos uma das fronteiras onde a paisagem envolvente da Natureza atinge uma espectacularidade ímpar. Falamos da fronteira da Portela do Homem.

Esta fronteira, para além de ser a única do distrito de Braga e do Baixo Minho, é a via de entrada entre a Galiza e o coração do Parque Nacional da Peneda-Gerês, no concelho de Terras de Bouro. As paisagens são, obviamente espectaculares e por si só merecem uma visita.

O lugar já fora muito transitado mesmo na Antiguidade, como mostram os restos arqueológicos existentes da via romana que ligava Braga (a antiga Bracara Augusta) com Astorga (a antiga Asturica Augusta), incluindo marcos miliários. Mas não só. A região é rica em águas termais, facto que põe em relevo pelas termas de Rio Caldo, no concelho de Lobios, na Galiza, e, obviamente, pelas termas do Gerês, já no nosso país. Mas, se a parte da Galiza as montanhas aparecem com pouca vegetação, já não é o caso da vertente portuguesa onde a floresta é rica e viçosa. Existem inúmeras espécies características do bosque atlântico que oferecem sombra e frescura nos dias quentes do Verão.

As caminhadas são uma óptima forma de conhecer o território em ambos os lados da fronteira, para além de obsequiar-nos com paisagens de indecifrável beleza. Do lado português o acesso está condicionado com o intuito de limitar o trânsito. É por isso que há dois postos de controlo: o primeiro, para quem vem da Galiza, mesmo depois de passar a fronteira; o segundo, na Portela de Leonte, depois de termos deixado a vila do Gerês. Antigamente o controlo fazia-se por intermédio de um bilhete onde os funcionários anotavam a hora de entrada para evitar paragens no meio do caminho, já que o tempo de percurso de carro estava limitado a 15 minutos. Agora faz-se um pagamento simbólico de 1,50 EUR. Esta parte do Parque Nacional da Peneda-Gerês recebe o nome de Mata da Albergaria e constitui a parte mais espectacular do percurso, o que inclui as cascatas do rio Homem, já perto da fronteira, e lugar ideal onde tomar um refrescante banho. As águas são mesmo limpas e cristalinas e existem piscinas naturais de até mais de 4 metros de profundidade. Além disso, daí parte um percurso até as Minas dos Carris, perto da nascente do rio Homem e perto, obviamente, da fronteira.

Não é preciso dizer mais nada: a região vende-se por si só!


Foto 1. Fronteira portuguesa vista do lado da Galiza.
Foto 2. Fronteira galega vista do lado de Portugal.
Foto 3. Fronteira portuguesa. Antiga alfândega e café.
Foto 4. Sinalética da fronteira (Foto enviada atenciosamente por David García Riesco, leitor do blogue).
Foto 5. Sinalética da fronteira (Foto enviada atenciosamente por David García Riesco, leitor do blogue).
Foto 6. Restos da via romana de Braga a Astorga, já em terras galegas.
Foto 7. Outra vista da calçada romana e dos marcos miliários.
Foto 8. Cascata do rio Homem, a 800 metros da fronteira.
Foto 9. Cascata do rio Homem em um dia quente de Verão.
Foto 10. Cascata do rio Homem (pormenor).
Foto 11. Portela do Homem (ao fundo) e vista geral do Parque Nacional da Peneda-Gerês vistos da Pousada da Caniçada.

Mapa 1. Mapa de situação.
Ver Fronteiras: Portela do Homem num mapa maior