sábado, 6 de novembro de 2010

Fronteiras: Portelo/Calabor

Duas fronteiras ligam a linda região da Sanábria (Seabra) com o Nordeste Transmontano: a fronteira de Rio de Onor, a mítica aldeia raiana, e a fronteira de Portelo/Calabor. A falta de uma boa ligação entre Puebla de Sanábria e Bragança (tem-se falado na construção de uma auto-estrada), estas são as duas únicas opções existentes. Um aspecto importante é a melhora da estrada espanhola entre Puebla de Sanábria e a fronteira, se bem que não evita as múltiplas curvas lá existentes. O alcatroado é muito recente e finalmente podemos ter uma ligação numas condições aceitáveis.

A estrada atravessa zonas despovoadas onde não se vê vivalma, sobre tudo depois de ter passado a localidade de Pedralba de la Pradería, última aldeia antes de chegar a Calabor. A fronteira decorre uns quilómetros depois de termos passado esta povoação e logo a seguir chegamos a Portelo, já na Terra Fria Transmontana. Do lado português as aldeias sucedem-se: Portelo, França, Rabal e, finalmente, chegamos a Bragança, não sem antes entrar brevemente na freguesia de Meixedo. São aldeias que pertencem ao Parque Natural de Montesinho, mas que, no entanto, segundo o meu ponto de vista, trata-se de aldeias mais bem descaracterizadas, se bem que não isentas de certa beleza natural. De facto encontramos parques de merendas e zonas de banho e até mesmo moinhos ao lado do rio Sabor, mas não têm nada a ver com a «aldeia preservada» de Montesinho a 1 km. do Portelo, à que se acede por uma estrada que fica a Sul desta última.

Do lado espanhol, resulta interessante o facto de Calabor ser, segundo estudos filológicos, uma aldeia onde ainda se fala um dialecto de origem galaico-portuguesa onde os portuguesismos são frequentes, o que não admira, visto o facto de a aldeia mais próxima ser à do Portelo e de ficar mais perto de Bragança do que de Puebla de Sanábria. Embora a tipologia do casario seja parecida, cá destacam os telhados de xisto, que no Portelo só encontrámos nas casas mais velhas, sendo substituídos por telhas de barro cozido vermelho.

A Natureza, como não pode ser de outra forma, é o activo mais importante da região. Sanábria bem merece uma visita em qualquer estação do ano. No Inverno poderemos ver os cumes das montanhas nevados e desfrutar de um bom cozido feito com o feijão típico da região conhecido como habones. De salientar ainda a truta do lago de Sanábria e o polvo, feito de forma semelhante à maneira galega e as carnes de vitela. Na Primavera é o despertar e veremos a região verdejante e, sobre tudo, sem muitos turistas. No Verão, embora os turistas às vezes cheguem a ser excessivos, bem vale a pena tomar banho no lago de Sanábria, sobre tudo num dia quente. Finalmente, no Outono, vale a pena ver a região e contemplar os tons dourados das árvores, principalmente castanheiros. Para quem não é do Nordeste Transmontano, é uma região muito desconhecida para o turista português, mas tem uma riquíssima etnografia popular e muitas ligações de proximidade. Atrevo-me a afirmar que seja talvez a mais «portuguesa» das regiões da província de Zamora. É claro que é apenas minha opinião, mas acho que tem algum fundamento. Puebla de Sanábria e o seu castelo e igreja, o mosteiro de S. Martinho da Castanheira, o lago de Sanábria e, em geral, qualquer aldeia, é óptima para um passeio ou para iniciar percursos pela Natureza onde descobriremos vales glaciários, cascatas, florestas, etc.

De qualquer forma, continuo a preferir a ligação entre Bragança e Puebla de Sanábria por Rio de Onor, se bem que não é apta para autocarros nem viaturas de grandes dimensões, já que as ruas desta aldeia são um bocadinho estreitas, mas é óptima para ligeiros. Apesar de a estrada de ligação entre Rio de Onor e Puebla de Sanábria ser bem mais estreitinha, não há tantas curvas e o percurso é menos demorado. De qualquer forma, há duas opções à escolha!


Foto 1. Antiga alfândega espanhola.
Foto 2. Zona da alfândega espanhola.
Foto 3. Fronteira espanhola vista do limite fronteiriço.
Foto 4. Limite fronteiriço visto do lado de Espanha.
Foto 5. Marco fronteiriço (lado de nascente).
Foto 6. Terras raianas.
Foto 7. Marco fronteiriço (lado de poente).
Foto 8. Fronteira portuguesa.
Foto 9. Cores do Outono junto do limite fronteiriço de poente.
Foto 10. Estrada portuguesa N103-5 com vistas para a Serra de Montesinho e as vizinhas serras espanholas.
Foto 11. Antiga alfândega portuguesa. Aquando dos controlos fronteiriços existia uma coberta como as existentes nas bombas de carburante onde ficava a GNR a fazer tais controlos.
Foto 12. Fronteira espanhola vista da fronteira portuguesa.



Ver Fronteiras: Portelo/Calabor num mapa maior
Mapa 1. Mapa de situação.

9 comentários:

  1. The borders between Portugal and Spain are all very polite. Thank You very much for Your reports!

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  2. Thank you for reading me. In fact many borders are new and in the case of others like this an important effort is being done from both countries to have good roads and good communications specially for local relationships, many times forgotten.

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  3. And the common currency in a large part of our old continent (Euro) is helping to realize the things You said.
    Best wishes!
    P.S. Thanks for Your latest comment in my blog. My wife - who is Estonian and knows that area - left a reply to Your comment. I invite You to read it.

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  4. Una puntualización: el pulpo a la sanabresa no es exactamente como el gallego ya que el sanabrés lleva ajo.

    Y hablando de Calabor, los ultranacionalistas gallegos dicen que en Calabor se habla gallego puro. Pero bueno, por ellos se debe hablar gallego hasta en Zaragoza...

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  5. Sí, efectivamente, por eso dije que el pulpo era parecido, que no igual.

    En cuanto a lo del calaborés, yo simplemente me atengo a lo que dicen estudios filológicos y etnográficos serios. Obviamente en Calabor no se habla gallego normativo, aunque también es verdad que en ningún sitio se habla la lengua normativa pues nuestra habla está llena de regionalismos, vulgarismos conscientes o inconscientes, etc.

    En cualquier caso, no entro en temas políticos, puesto que es algo que me propuse desde el principio, mantener mi neutralidad aunque no siempre se consigal. De cualquier forma, se aprecian siempre tus comentarios.

    Saludos.

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  6. Hi Pilland.

    It has been very nice coming from you.

    Thanks!

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  7. Hi Gaiato alentejano.
    I visit and read Your website very frequently. It is a very delightful and exhaustive report in all the matters You treat.
    Best wishes

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  8. Hola de nuevo!

    He visto en youtube un reportaje muy interesante. Se trata de un caso de pueblo mixto: Rio de Ono/Rihonor, el primero en Portugal y el segundo en España. Ambos puebos esta uno junto a otro, y no es raro ver vecinos de un lado de la raya ir a trabajar al otro lado, o sin ir mas lejos, matrimonios entre personas de ambos lados.

    http://www.youtube.com/watch?v=hKwKpIxCVFY

    Os recomiendo echar un vitazo a este reportaje tan interesante.

    Un saludo y felicidades por el blog!

    David

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