Para quem vem de Reguengos de Monsaraz, Monsaraz ou Mourão e pretende entrar em Espanha é possível que a sua melhor opção seja a fronteira de São Leonardo. De lá poderá se deslocar até localidades da Extremadura espanhola como Zafra, Mérida ou Badajoz.
Trata-se de uma fronteira secundária, mas muito utilizada para o trânsito local, dado que em Villanueva del Fresno, a 7 km. do limite fronteiriço, achamos as bombas de gasolina para meter lá o carburante no depósito do carro. A paisagem, como mostram as fotografias, seguem uma sequência natural de continuidade entre ambas duas regiões: o Alentejo e a Extremadura espanhola. O montado alentejano tem continuidade na dehesa extremenha, se bem que culturalmente são diferentes.
Outra curiosidade desta fronteira é o facto de constituir um dos primeiros lugares onde o limite fronteiriço é reconhecido. Vejamos. A fronteira luso-espanhola está delimitada pelo Tratado de Lisboa de 1864. Os trabalhos começaram pela foz do Minho mas quando chegaram até ao Caia foram interrompidos a causa do não reconhecimento de Portugal da soberania espanhola sobre Olivença. Um novo tratado, também assinado em Lisboa, em 1927, permitiu a continuidade dos trabalhos a sul das terras em disputa até à foz do Guadiana. Portanto, existem ainda cem marcos fronteiriços sem colocar abrangendo toda a zona em que o rio Guadiana faz fronteira entre Portugal e Espanha de facto, isto é, entre a foz do Caia, quando desagua no Guadiana até à Ribeira de Cuncos, pequeno riacho que fica no fundo do vale que pode ser observado na primeira das fotografias. O território reclamado por Portugal, no entanto, não abrange todo esse troço do Guadiana, mas sim uma pequena parte, correspondente às terras de Olivença, das quais vamos falar mais adiante em outro post.
Outra curiosidade histórica é o facto de ter sido assassinado em Villanueva del Fresno o general Humberto Delgado, desiludido com Salazar. O militar, que procurava reconciliar-se com ele após o fracasso da operação de assalto ao quartel de Beja em 1962, foi alvejado nesta fronteira por um comando da PIDE liderado por Rosa Casaco, quem o matou a tiro a ele e à sua secretária lá mesmo na fronteira, não pudendo assim regressar a Portugal.
A fronteira não oferece qualquer ponto de interesse, para além do facto fronteiriço. A salientar, como curiosidade, que o alcatroado da estrada regional EX-107 chega ate ao ponto onde a sinaléctica indica a entrada em Portugal, mas que fica aquém do marco fronteiriço, 'invadindo' assim uns metros de território português. Como se pode apreciar na segunda fotografia, o marco fronteiriço fica a uns escassos dois metros do indicador de entrada em Espanha, enquanto o alcatroado continua mesmo além desse limite. Mas tanto a antiga alfândega espanhola como portuguesa estão desertas, em estado de abandono, dando uma sensação de desleixo.
Realmente é pena o que acontece aos antiguos edifícios alfandegários. Como são património do Estado, não podem ser utilizados por privados. No entanto, seria bom dar-lhes algum tipo de utilidade. Acho que nas entradas principais poderiam situar-se postos de informação e turismo do país, facto que poderia gerar alguns postos de trabalho, já que é un facto que muitas pessoas quando chegam a um país estrangeiro não têm uma ideia fixa ou nem sequer sabem o que vão visitar nesse país por nao terem comprado um guia. Outros, mesmo com guia, não dispensariam algum tipo de conselho. É claro que isto não poderia ser implementado em todas as fronteiras porque isso ia depender do trânsito de viaturas existente, mas poderia ser, sim, uma solução para alguns edifícios. Outras alfândegas poderiam se constituir nas sedes de centros de cooperação transfronteiriça entre municípios de ambos os lados da fronteira. Essa poderia ser a solução para algumas fronteiras secundárias, já que normalmente as menos transitadas são, em geral, mais modernas e não têm alfândegas. Enfim, trata-se de dar algumas ideias para dar uma melhor imagem para o viajante que quer visitar qualquer país do espaço Schengen, incluíndo o nosso.
Foto 1. Planície nas redondezas na fronteira (parte espanhola).Trata-se de uma fronteira secundária, mas muito utilizada para o trânsito local, dado que em Villanueva del Fresno, a 7 km. do limite fronteiriço, achamos as bombas de gasolina para meter lá o carburante no depósito do carro. A paisagem, como mostram as fotografias, seguem uma sequência natural de continuidade entre ambas duas regiões: o Alentejo e a Extremadura espanhola. O montado alentejano tem continuidade na dehesa extremenha, se bem que culturalmente são diferentes.
Outra curiosidade desta fronteira é o facto de constituir um dos primeiros lugares onde o limite fronteiriço é reconhecido. Vejamos. A fronteira luso-espanhola está delimitada pelo Tratado de Lisboa de 1864. Os trabalhos começaram pela foz do Minho mas quando chegaram até ao Caia foram interrompidos a causa do não reconhecimento de Portugal da soberania espanhola sobre Olivença. Um novo tratado, também assinado em Lisboa, em 1927, permitiu a continuidade dos trabalhos a sul das terras em disputa até à foz do Guadiana. Portanto, existem ainda cem marcos fronteiriços sem colocar abrangendo toda a zona em que o rio Guadiana faz fronteira entre Portugal e Espanha de facto, isto é, entre a foz do Caia, quando desagua no Guadiana até à Ribeira de Cuncos, pequeno riacho que fica no fundo do vale que pode ser observado na primeira das fotografias. O território reclamado por Portugal, no entanto, não abrange todo esse troço do Guadiana, mas sim uma pequena parte, correspondente às terras de Olivença, das quais vamos falar mais adiante em outro post.
Outra curiosidade histórica é o facto de ter sido assassinado em Villanueva del Fresno o general Humberto Delgado, desiludido com Salazar. O militar, que procurava reconciliar-se com ele após o fracasso da operação de assalto ao quartel de Beja em 1962, foi alvejado nesta fronteira por um comando da PIDE liderado por Rosa Casaco, quem o matou a tiro a ele e à sua secretária lá mesmo na fronteira, não pudendo assim regressar a Portugal.
A fronteira não oferece qualquer ponto de interesse, para além do facto fronteiriço. A salientar, como curiosidade, que o alcatroado da estrada regional EX-107 chega ate ao ponto onde a sinaléctica indica a entrada em Portugal, mas que fica aquém do marco fronteiriço, 'invadindo' assim uns metros de território português. Como se pode apreciar na segunda fotografia, o marco fronteiriço fica a uns escassos dois metros do indicador de entrada em Espanha, enquanto o alcatroado continua mesmo além desse limite. Mas tanto a antiga alfândega espanhola como portuguesa estão desertas, em estado de abandono, dando uma sensação de desleixo.
Realmente é pena o que acontece aos antiguos edifícios alfandegários. Como são património do Estado, não podem ser utilizados por privados. No entanto, seria bom dar-lhes algum tipo de utilidade. Acho que nas entradas principais poderiam situar-se postos de informação e turismo do país, facto que poderia gerar alguns postos de trabalho, já que é un facto que muitas pessoas quando chegam a um país estrangeiro não têm uma ideia fixa ou nem sequer sabem o que vão visitar nesse país por nao terem comprado um guia. Outros, mesmo com guia, não dispensariam algum tipo de conselho. É claro que isto não poderia ser implementado em todas as fronteiras porque isso ia depender do trânsito de viaturas existente, mas poderia ser, sim, uma solução para alguns edifícios. Outras alfândegas poderiam se constituir nas sedes de centros de cooperação transfronteiriça entre municípios de ambos os lados da fronteira. Essa poderia ser a solução para algumas fronteiras secundárias, já que normalmente as menos transitadas são, em geral, mais modernas e não têm alfândegas. Enfim, trata-se de dar algumas ideias para dar uma melhor imagem para o viajante que quer visitar qualquer país do espaço Schengen, incluíndo o nosso.
Foto 2. Fronteira espanhola de Villanueva del Fresno (Extremadura).
Foto 3. Marco fronteiriço.
Foto 4. Fronteira e alfândega portuguesa de Mourão (São Leonardo).
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