quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Curiosidades da Raia: Marco/El Marco

Uma das coisas que tem a Raia são as curiosidades fronteiriças que lá podemos encontrar. Hoje vamos falar no caso das duas aldeias gémeas (realmente são uma única aldeia) com a particularidade de estarem separadas pela fronteira, um riacho conhecido como Ribeira de Abrilongo.

A aldeia do Marco é uma aldeia que faz parte da freguesia de Esperança, no concelho de Arronches, enquanto a aldeia de El Marco é uma freguesia do concelho de La Codosera (Badajoz). A particularidade desta aldeia geminada não é o facto de estar situada na fronteira. Aldeias na fronteira há muitas, mas todas têm esse pormenor que as diferencia umas das outras. Até a criação de uma estrada de ligação entre ambos os dois países, a única comunicação possível foi uma pequena ponte sobre a Ribeira de Abrilongo.

Lá, na parte portuguesa da aldeia existe um marco fronteiriço, o 713-B, colocado na sequência do Tratado de Limites de Lisboa de 1864. Como todos os marcos fronteiriços, a parte de Portugal fica na direcção dos lados de Portugal e a parte de Espanha para os lados de lá. No entanto, o português é a língua normal de comunicação nesta região. Como veremos em outro post que indexarei mais adiante, segundo as circunstâncias o permitam, esta região foi uma região de colonização de camponeses alentejanos, nomeadamente no último quartel do século XIX, abrangendo grande parte do território do concelho ou ayuntamiento de La Codosera, que nos permite falar de uma Extremadura portuguesa ou alentejana ou de um Alentejo espanhol ou extremenho. Não admira, pois, que o casario tradicional, salvando as distâncias de uma ou outra influência, seja plenamente alentejano, mesmo nestas aldeias territorialmente espanholas.

A ponte tradicional era uma ponte de chapa com uma varanda, que veio ser substituída por uma nova ponte em madeira, muito mais larga e mais moderna, conforme pode ser visto nas fotografias adjuntas. De resto, a aldeia, ao contrário que as aldeias alentejanas tradicionais, fica um bocado dispersa entre os campos adjacentes, sendo que o núcleo fundamental é o apresentado no mapa e que fica no mesmo limite fronteiriço. No entanto, existem muitas outras casas nas redondezas num rádio de um quilómetro.

A agricultura, sobre tudo a oliveira, continua a ser muito importante, tal como o comércio, tanto na parte portuguesa como a espanhola, com duas lojas de venda à retalho de relógios, toalhas, candeeiros, faqueiros, etc., direccionados claramente para um cliente espanhol que procura em Portugal bons produtos a preços mais reduzidos. Existe também algum café e posto dos correios, mas a sensação é claramente de um lugar rural, pouco desenvolvido e sem muita movimentação, se bem que os contactos transfronteiriços são muito intensos já que os matrimónios mistos são muito frequentes e pela proximidade, para além da oportunidade de comprar produtos que são mais baratos de um e de outro lado da fronteira. Afinal, nem tudo tem de ser mau...

Por outro lado, a aldeia fica integrada (no que respeita à parte portuguesa) no Parque Natural da Serra de São Mamede, sendo que pode ser um bom ponto de partida para fazer excursões pela serra, tanto na sua parte portuguesa como espanhola, e descobrir uma herança portuguesa muito desconhecida para os portugueses, mas também para os espanhóis, das terras espanholas vizinhas.

Foto 1. Marco fronteiriço 713-B. Lado de Portugal.
Foto 2. Marco fronteiriço 713-B. Lado de Espanha.
Foto 3. Ribeira de Abrilongo vista do lado de Portugal. O lado direito é o lado de Espanha.
Foto 4. Ponte antiga, de chapa, fotografada do lado de Portugal.
Foto 5. Ponte nova, fotografada do lado de Espanha. Com alguma dificuldade pode-se ver o marco fronteiriço no final da ponte.
Foto 6. Rua de El Marco, parte espanhola.
Foto 7. Casas alentejanas em El Marco (parte espanhola)
Foto 8. El Marco visto do Marco, com a ponte e o marco fronteiriço.
Foto 9. Café e posto dos Correios do Marco.
Foto 10. Comércio no Marco.
Foto 11. Campo de oliveiras entre as casas dispersas do Marco/El Marco.

domingo, 7 de dezembro de 2008

"Rayanos": Um olhar sobre a Raia do ponto de vista da Extremadura espanhola

Interessante vídeo do programa Esferas da Extremadura Televisión, a televisão regional da Extremadura espanhola. Há um capítulo dedicado à Raia do ponto de vista da Extremadura espanhola, muito interessante. Tem uma duração de 39 minutos e é falado tanto em espanhol (maior parte do tempo) como em português.

Pode ver o vídeo aquí.


Espero que gostem!

domingo, 16 de novembro de 2008

Sem fronteiras... ou não?: O caso de Juromenha/Vila Real

Num lindo passeio pelas Terras de Olivença cheguei até a aldeia de Vila Real (Villarreal, em espanhol), uma pacata e aprazível aldeiazinha alentejana. Depois de passar um outeiro onde a aldeia fica ao lado esquerdo, a estrada continua até finalizar num pequeno embarcadouro no Guadiana, lugar do qual tomei algumas das fotografias que cá aparecem.

Não é a minha intenção falar em política. Este blogue é totalmente neutral, pelo que não tocarei no assunto da chamada "Questão de Olivença". Mas referirei alguns factos históricos e farei uma chamada de atenção para o facto de haver ou não haver fronteiras.

Vila Real é uma aldeia com menos de 100 habitantes que fica a uns 10 km. de Olivença e frente ao castelo de Juromenha. Como já referimos em outro post, o castelo de Juromenha chegou a ser muito importante, sendo que a própria povoação era a sede de um concelho. Hoje, com pouco mais de 100 habitantes também, é apenas uma freguesia do concelho de Alandroal. O território do concelho de Juromenha abrangia a aldeia de Juromenha, mas também a aldeia de Vila Real, que não pertencia a Olivença, mas à referida aldeia de Juromenha.

Com a Guerra das Laranjas de 1801 e anexação do território a Espanha, a aldeia ficou integrada no concelho ou município (ayuntamiento, em espanhol) de Olivença. E desde então assim foi. A aldeia fica situada num outeiro do qual vê-se a planície toda, incluíndo a aldeia de Juromenha e Olivença, uma planície muito fértil, viçosa, onde não faltam videiras e oliveiras, para além do clássico montado alentejano. Tem, além do mais, uma linda igrejinha, do tipo ermida, dedicada a Nossa Senhora da Assunção, facto que mostra a pegada histórica portuguesa na povoação.

O casario é também típicamente alentejano e é, talvez, uma das aldeias oliventinas onde se conserva melhor, sem alterações, essa herança portuguesa. De facto, uma comparação de duas fotografias de duas aldeias, sendo que uma delas é Vila Real e a outra outra aldeia alentejana qualquer como Juromenha, Vila Boim ou Barbacena (estas últimas, ambas as duas, freguesias e aldeias pertencentes ao concelho de Elvas) faria com que não achássemos qualquer diferença, pelo que seria difícil saber que aldeia fica hoje sob a administração espanhola. Até porque o português continua a ser a língua mais falada na aldeia, para além, é claro, do espanhol.

As fronteiras físicas desapareceram felizmente com a entrada de Portugal e Espanha na União Europeia e a adesão dos dois estados ao Tratado de Schengen, que supus a desaparição dos controlos fronteiriços. Mas neste caso, a fronteira não desapareceu de todo. Continua a haver uma fronteira física entre as duas aldeias, Juromenha e Vila Real: o Rio Guadiana. Se antigamente o gado até podia passar nos tempos da seca pelo rio, hoje, com a construção da barragem de Alqueva é impossível. A única ligação possível é através de barco, numa travessia entre ambos os dois embarcadouros. A não ser, claro, que se queira ir de carro. Mas para isso é precisso dar uma grande volta: de Juromenha até Elvas, de Elvas até Olivença por meio da nova ponte da Ajuda e de Olivença até Vila Real. De embarcadouro a embarcadouro, que ficam a menos de 200 m em linha recta, 43 km., sem mais nem menos. É isso porque desde 2001 existe a nova ponte da Ajuda, porque de não ter sido assim, o percurso seria ainda mais longo, tendo que acrescentar mais uma voltinha até Badajoz.

A solução ideal era construir uma ponte, mas somos muito pessimistas à respeito. Se a nova ponte da Ajuda demorou tanto a ser construída (até 2001) e isso que ligava duas localidades como Elvas e Olivença, para servir a mais de 30.000 habitantes, é difícil pensar em uma ponte para tão poucas pessoas, uma vez que a necessária ponte entre Alcoutim e Sanlúcar de Guadiana (ver post relacionado) ainda não se construiu, ficando a fronteira de Vila Real de Santo António como a única ligação do Algarve para a Andaluzia. A ponte apresentaria mais dificuldade técnica do que a ponte da Ajuda, já que a barragem de Alqueva alagou parte daqueles terrenos, sendo que esta zona constitui a cauda do Grande Lago, o que faria que o seu comprimento fosse maior (200-300 m. ou talvez mais; não sou muito bom a calcular distâncias. He. He. He.). Para além de comunicar as duas aldeias, também abriria o trânsito para uma ligação directa de Évora com Olivença através do Redondo e do Alandroal, para além das localidades da Extremadura espanhola que ficam para além de Olivença. Mas como não há, é por isso que começei pela pergunta:

Sem fronteiras... ou não?

O que é que acham?

Foto 1. Pôr do sol no embarcadouro de Vila Real sobre o Guadiana com a silhueta de Juromenha.
Foto 2. Castelo de Juromenha visto do embarcadouro de Vila Real.
Foto 3. Vista da planície alentejana e do Guadiana do embarcadouro de Vila Real.
Foto 4. Anoitecer no Guadiana.
Foto 5. Embarcadouro de Vila Real.
Foto 6. Vista geral de Vila Real.
Foto 7. Casario alentejano em Vila Real.
Foto 8. Igreja matriz de Nossa Senhora da Assunção, Vila Real.

Mapa 1. Percurso rodoviário preciso para se deslocar de Juromenha até Vila Real.

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terça-feira, 11 de novembro de 2008

Fortalezas da Raia: Noudar

Uma das fortalezas talvez mais desconhecidas da Raia seja o Castelo de Noudar.

Situado na freguesia e concelho de Barrancos, localidade da que dista uns 10 km., fica mesmo junto da fronteira, situado entre a Ribeira de Múrtega e a de Ardila, na margem esquerda do Guadiana.

Supõe-se uma primitiva fundação nos tempos dos muçulmanos, talvez para o século X ou XI, na linha do caminho que fazia ligação com Beja. Mas será após a sua Reconquista e pelo seu papel de guardião da fronteira que atingirá um papel de mais relevo. Se bem foi reconquistada pelos portugueses, será o rei Afonso X de Castela quem lhe dê foral em 1253, data na qual o território estavam na posse deste reino e fez parte do dote deste rei para D. Afonso III por este ter casado com a sua filha. No entanto, pelo Tratado de Badajoz de 1267, toda a margem esquerda do Guadiana ficou de novo em poder de Castela, já que o próprio rio foi estabelecido como limite fronteiriço, incluindo as fortalezas de Serpa, Moura e Noudar.

Será nosso rei D. Dinis quem consiga a posse definitiva da fortaleza pelo Tratado da Guarda de 1295, entre D. Dinis de Portugal e Fernando IV de Castela, tratado prévio ao Tratado de Alcanices de 1297, pelo qual se definiram as fronteiras entre o nosso país e Castela. Será em Dezembro de 1295 que D. Dinis outorgue foral à localidade, doando-a à Ordem de Avis com a condição de reconstruir o castelo em 1303, obras que acabaram, pelos vistos, em 1308, segundo duas inscrições epigráficas.

A vila receberia um Foral Novo em 1513 de mãos do rei D. Manuel I e pelos vistos constava de barbacãs circundando o castelo segundo indica o Livro das Fortalezas de 1509 de Duarte de Armas. Permaneceria sob a dominação espanhola, para além da época filipina, de 1644 até 1715, aquando da restituição definitiva pela Espanha consoante o estabelecido pelo Tratado de Utrecht de 1713.

O concelho de Noudar foi extinto em 1825, facto que motivou o declínio da povoação que optou por emigrar progressivamente à vila de Barrancos, da qual dependia. O castelo passaria a mãos privadas depois de ser arrematada a sua venda em hasta pública em 1893 e não seria até 1997 que a Câmara Municipal de Barrancos conseguiria adquirir o monumento, desenvolvendo-se desde então um plano de investigação arqueológica.

É, sem dúvida, um recanto com charme, que vale a pena visitar, não tanto pelo castelo, que também, mas sobre tudo pela inebriante paisagem das redondezas, que induz à calma e à reflexão.

Foto 1. Torre de Menagem.
Foto 2. Muralha sul.
Foto 3. Ribeira de Múrtega vista da muralha Oeste.
Foto 4. Muralha Oeste.
Foto 5. Terras espanholas das redondezas (província de Badajoz) vistas do Castelo de Noudar.
Foto 6. Muralha Norte e vista da Ribeira de Ardila.
Foto 7. Interior do Castelo.
Foto 8. Igreja.
Foto 9. Barrancos vista de Noudar.
Foto 10. Meandro da Ribeira do Ardila, sendo que a parte exterior é espanhola.

Foto 11. Planície alentejana vista do Castelo de Noudar.

domingo, 2 de novembro de 2008

Fortalezas da Raia: Ouguela

Ouguela é hoje uma pequena aldeia alentejana de apenas 60 habitantes que pertence à freguesia de São João Baptista, na qual se insere a vila de Campo Maior. Mas apesar de tudo, é uma aldeia com muita História.

Ergue-se, sobranceira, sobre um pequeno outeiro que fica no ponto em que a Ribeira do Abrilongo, um riacho fronteiriço, desagua no rio Xévora, também outro rio fronteiriço afluente do Guadiana, rio ao qual se une uns quilómetros mais abaixo, já em Espanha, onde recebe o nome de Gévora. É uma avançada da fronteira, da que dista apenas uns 3-4 km. no meio dos campos e as planícies do Alentejo.

Parece que já existia algum tipo de povoamento antes da época romana, mas será com os árabes, que fizeram dela uma fortaleza e, sobretudo após a Reconquista Cristã, que vai ter um importante papel, nomeadamente na defesa da fronteira. Ao contrário da maior parte das localidades reconquistadas, Ouguela, como Campo Maior, faz parte da Reconquista leonesa, e não portuguesa. Depois da ocupação de Cáceres em 1229, os exércitos leoneses de Afonso IX de Leão derrotaram os muçulmanos na batalha de Alange em 1230, na localidade do mesmo nome que fica a uns 18 km. de Mérida. Isso possibilitou a conquista do vale do Guadiana, nomeadamente as cidades de Mérida e Badajoz, mas também Campo Maior e Ouguela, de forma que a fronteira ficou mais ou menos estabilizada entre Alegrete e Arronches e no rio Caia no caso do limite com a cidade de Elvas, reconquistada por o nosso rei D. Sancho II em 1226. Enquanto localidade leonesa, pertenceu ao cabido da diocese de Badajoz.

No entanto, a união definitiva de Leão com Castela após a morte do rei leonês com o rei castelhano Fernando III o Santo, vai supor uma travagem à Reconquista da Extremadura espanhola, que só vai finalizar em 1248 quando o último reduto, a aldeia de Montemolín, caiu. A fronteira não ficou estabilizada, apesar dos intentos sucessivos. Portugal esteve na posse do território de Aracena e Aroche até 1253, numa tentativa de dominar os territórios da vizinhança de Sevilha. O Tratado de Badajoz de 1267 fixou as fronteiras no rio Guadiana, com o que Castela ficava com a posse dos castelos de Serpa, Moura e Noudar. A mudança nas circunstâncias, aproveitando as guerras civis em Castela, serviu para que D. Dinis, em 1297, assinasse com Castela o famoso Tratado de Alcañices.

Este tratado terá importantes consequências no território que estamos a estudar: o novo limite implicava a devolução dos castelos de Serpa, Moura e Noudar. D. Dinis vai tentar ficar com a cidade de Badajoz, o que não vai conseguir, mas conseguiu os territórios que ficavam a volta dela: as Terras de Olivença e Táliga e Campo Maior e Ouguela, que rodeavam quase completamente à cidade. Já no ano seguinte Ouguela terá uma Carta de Foral, com importantes privilégios, mas também se determinou a reedificação das muralhas e da fortaleza. Construiu-se a cerca nas décadas seguintes e em 1420 o rei D. João concedeu o privilégio de couto de homiziados com o objecto de favorecer o seu repovoamento.

Alguns acontecimentos históricos aconteceram aqui que cumpre salientar. Em 1475, no marco da guerra civil que havia em Castela entre os partidários da rainha Isabel e os partidarios de Joana, a Beltraneja, filha de Joana de Portugal, esposa de Enrique IV de Castela e filha do rei D. Duarte. Um dos incidentes fronteiriços levou ao alcaide-mor de Ouguela, João da Silva, e o alcalde-mor de Alburquerque, vizinha vila espanhola, a uma confrontação entre eles, morrendo ambos os dois.

Em 1512 D. Manuel I deu-lhe Foral Novo e assim seguiu até a Guerra da Restauração. Ouguela ficava na primeira linha de ataque pelo que se determinou no Conselho de Guerra a modernização das muralhas, dando-lhe um carácter abaluartado, segundo projecto de Nicolau de Langres. Mas o episódio talvez mais espantoso da sua História foi a tentativa de ocupação espanhola em 1644 com a ajuda de um traidor, João Rodrigues de Oliveira, que tinha desempenhado cargos importantes no Brasil e que se passou aos espanhóis. No entanto, a perícia dos soldados portugueses, que viram o movimento das tropas espanholas, evitou a queda da praça em mãos espanholas. A resistência foi dura, mas os soldados conseguiram avisar o governador da praça e improvisar uma defesa apressada na qual, como não podia ser de outra forma, participaram com heroicidade mulheres, entre as quais o destaque vai para Isabel Pereira. Tras um forte ataque espanhol, os portugueses conseguiram resistir e os espanhóis tiveram de se retirar não sem algumas baixas e muitos feridos.

Depois deste episódio, Ouguela continuou a viver a sua existência como praça fronteiriça, com revelim e baluarte, resistindo a novas invasões espanholas, nomeadamente as de 1762 e 1801.

No entanto, após a Guerra Peninsular, Ouguela perdeu a sua importância. Os projectos de recuperação da fortaleza nunca vieram se concretizar e Ouguela perdeu na reforma administrativa de 1836 o seu estatuto de concelho, passando a integrar-se no de Campo Maior e sendo desmilitarizada em 1840. O seu declínio continuou até hoje, que o demonstra o facto de ter sido anexada à freguesia de S. João Baptista em 1941 como mero lugar. Na actualidade é uma aldeiazinha alentejana na que a maior parte da população vive extra muros.


Foto 1. Entrada à fortaleza de Ouguela.
Foto 2. Igreja de Ouguela encastrada nas muralhas.
Foto 3. Quartel de cavalaria.
Foto 4. Interior das muralhas. Ouguela intra muros.
Foto 5. Casa intra muros de 1799.
Foto 6. Revelim e vista da aldeia extra muros.
Foto 7. Planície alentejana e extremenha com a vila de Alburquerque ao fundo.
Foto 8. Planície do vale do Guadiana. Igreja de Nossa Senhora da Enxara no primeiro plano e Vegas Bajas (vale do Guadiana entre Mérida e Badajoz, Espanha) a seguir.


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quinta-feira, 23 de outubro de 2008

TGV Porto-Vigo: Dois terminais em Valença

Segundo publica hoje o jornal galego La Voz de Galicia, a localidade raiana de Valença terá dois terminais do TGV, um para passageiros e outro para mercadorias, o que guarda relação com a plataforma logística que irá se desenvolver lá e com os investimentos que muitos empresários da Galiza têm feito na localidade minhota. Só falta o nosso governo pôr mãos à obra e já!, porque os prazos estão para serem cumpridos, embora a data limite de 2013 para o fim das obras pareça duvidosa.

A notícia referenciada, em galego, é como segue:

VALENÇA

Valença terá unha terminal do AVE Vigo-Porto para pasaxeiros e outra de mercancías

Autor: M.Torres
Data de publicación: 13/10/08

Valença contará con non unha senón dous terminais para o AVE en cinco anos.

A confirmación oficial acaba de facerse pública no marco da cerimonia de constitución da Comunidade Intermunicipal do Alto Miño e as reaccións non se fixeron esperar. Especialmente a do rexedor valenciano, José Luis Serra, quen recoñeceu que «non foi un logro fácil».

O alcalde explicou que, nestes momentos, estase realizando o estudo de impacto ambiental para a localización dos terminais, «un específico para mercancías na propia plataforma loxística (na zona da Gándara) e outra no centro do municipio, para os pasaxeiros). Se os calendarios previstos cúmprense, algo sobre o que o propio alcalde expresa as súas dúbidas, no 2013 estará concluído «un proxecto xigantesco que vai transformar o municipio». Serra refírese non só ás potencialidades de ser a única localidade lusa (ademais de Braga) que dispoña dunha parada propia para o tren de alta velocidade entre O Porto e Vigo, senón da conclusión da futura plataforma loxística, que porá o colofón a máis dunha década de consolidación industrial de Valença na que os galegos tiveron moito que ver copando máis do corenta por cento da superficie empresarial que habilitou o goberno local.

Un consorcio privado adquiriu xa a maior parte das preto de 250 hectáreas das que disporá a plataforma. Segundo avanzou o rexedor e economista, «en novembro asinarase o convenio entre este ente e o Goberno do Estado» para executar as obras e, a partir de aí, comezarán os traballos para converter estas macro instalacións nunha realidade. O complexo, que suporá un investimento privado de cen millóns de euros e a creación de varias centenas de postos de traballo «funcionará como interposto aduaneiro, coas súas correspondentes vantaxes fiscais, permitindo a localización de empresas de loxística, tanto de transportes por estrada como de tren ou portuarios».

De novo a linha de comboio Porto-Salamanca?

Segundo o jornal espanhol Tribuna de Salamanca existe um plano de dinamização da região das Arribes, na província de Salamanca, que inclui a recuperação da linha de comboio entre Vega de Terrón e Lumbrales. Lembre-se o facto de Vega de Terrón ficar junto de Barca d'Alva, no Douro, sendo que há lá um embarcadouro para barcos e cruzeiros que fazem o percurso pelo rio. Mas o mais importante é que a Linha do Douro até Barca d'Alva pode, talvez ser reaberta no troço entre o Pocinho e a citada localidade e daí dar serviço às localidades espanholas próximas até Salamanca.

A notícia, em espanhol, é como segue:

PROVINCIA
La Fregeneda


Última actualización 21/10/2008@23:30:42 GMT+1
El Plan de Dinamización Turística de la zona sur de Las Arribes acaba de dar un paso importante con la cesión de Adif a la Diputación de las tres estaciones de la línea férrea de La Fregeneda para su posterior recuperación. Así lo anunció ayer la presidenta de la institución provincial,Isabel Jiménez, que recordó el largo camino seguido para la rehabilitación peatonal de esa zona: “Este proyecto incluye un total de 17 kilómetros de la vía y las estaciones de La Fregeneda, Hinojosa y Lumbrales”, precisó tras mantener una reunión con el director de Patrimonio y Urbanismo de la entidad pública Adif, Antonio Cavado Rivera
E. C.

Durante la próxima semana, La Salina recibirá el convenio definitivo por el cual se cederán las estaciones, y según destacó Jiménez, una vez firmado, la intención es “sacar el pliego de condiciones de la obra y contratarla en el mes de noviembre”. Este proyecto cuenta con un presupuesto inicial de 2,3 millones de euros, que incluye la recuperación de los 17 kilómetros de vía para su uso peatonal, la rehabilitación de las tres antiguas estaciones de esa zona, el centro de recepción de turistas de Vega Terrón y un plan de señalización en todos los municipios. “Es una zona que lo merece, ya que cuenta con un potencial turístico, con la Denominación de Origen Arribes y de empresas de agroalimentación”, subrayó la presidenta de la Diputación.

El plazo de ejecución estimado es de 9 meses, con el objetivo de ofrecer al turista un recorrido “seguro”, de una antigua línea férrea que define Isabel Jiménez de “hermosísima, con un gran número de puentes y túneles seguidos”. Al respecto, recordó que esa zona fue declarada en el año 200 con categoría de monumento de Bien de Interés Cultural (BIC), pero que en la actualidad, los visitantes no tienen los medios suficientes para visitar con seguridad la línea férrea.

Asimismo, la presidenta de la Diputación puntualizó que no olvidan el proyecto inicial que se fijaron hace algunos años para poner en marcha un tren turístico en esa misma zona, “pero con una inversión de 20 millones de euros que está institución no puede asumir en solitario”. La intención de La Salina siempre ha sido la de recuperar la linea entre La Fuente de San Esteban y Barca D’ Alva. “Es uno de los compromisos del Gobierno dentro del Plan del Oeste pero seguimos sin ese proyecto”, reconocía Jiménez.

Además, confirmó que Portugal tiene intención de abrir la línea entre Pociño y Barca D’ Alva, que de llegarse a producir facilitaría la conexión del país luso con Salamanca. “Nosotros siempre vamos a mantener el compromiso, en especial, si alguna administración quiere colaborar en dicho proyecto”, añadió.


Seria bom que isto viesse a se concretizar e não fosse mais do que mais umas belas palavras que ficam em águas de bacalhau. Até porque o interior está a precisar mesmo de investimentos e tudo, por insignificante que seja, e pouco para travar o problema da desertificação populacional que está a pôr em causa o desenvolvimento destas regiões interiores. Esperemos que isto venha a ser uma realidade!

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

História: Fronteira luso-espanhola "reconhecida" em cerimónia com 144 anos

Notícia sobre fronteiras da Lusa:

História: Fronteira luso-espanhola "reconhecida" em cerimónia com 144 anos

22 de Outubro de 2008, 18:44

Hinojosa de Duero, Espanha, 22 Out (Lusa) -- Autarcas dos municípios fronteiriços de Freixo, em Portugal e de Vitigudino, em Espanha, repetiram hoje uma cerimónia que se realiza há 144 anos, assinando um documento que reconhece a fronteira entre Espanha e Portugal.

Trata-se da "Assinatura de Las Murgas", um acto simbólico que se subscreve de forma anual e bilateral desde 1864 e que "serve para identificar a fronteira natural marcada pelo rio Douro".

Para José Francisco Bautista, alcaide de Vitigudino, a cerimónia, que se repete desde 1864, pretende também intensificar o relacionamento entre os dois lados da fronteira.

A opinião é partilhada por José Manuel Caldeira, autarca de Freixo, na opinião do qual "o relacionamento entre os povos dos dois lados da fronteira se tem vindo a consolidar", especialmente na promoção de acções conjuntas no sector do turismo.

Já na terça-feira uma cerimónia idêntica tinha sido realizada na autarquia de Figueira de Castelo Rodrigo, com representantes das províncias espanholas de Salamanca e Zamora.

ASP.

Lusa/Fim

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Porreiro, pá!

Aproveitando a proximidade, achei conveniente pôr cá uma nota de humor. Em V.V. de Ficalho, à saída da localidade na direcção de Serpa, encontramos este cartaz denunciando a situação do IP 8, uma estrada que devia ser já auto-estrada e fazer com que Beja tivesse, finalmente, uma ligação por auto-estrada com Lisboa e outras localidades, uma vez que é a única capital de distrito, junto com Bragança e Portalegre que ainda não dispõem de nenhuma auto-estrada que as ligue directamente à rede de auto-estradas portuguesas é, obviamente, à rede europeia.

Não pode ser que tenhamos auto-estradas como a A 8/A 17/A 29 que vão praticamente paralelas à A 1 em alguns lugares para descongestionar o trânsito desta última, e no entanto, existam ainda capitais de distrito sem uma ligação decente com o resto do país. É bem certo que as estradas normais estão bem sobre tudo se quisermos dar um passeio relaxados e para descontrair, mas quando se trata de fazer viagens a sério e facilitar as comunicações, as auto-estradas convertem-se em algo imprescindível. Não é o desenvolvimento pelo desenvolvimento, mas sim favorecer, sem atacar os modos de vida tradicionais, a mobilidade das pessoas.

Mas os políticos nem sempre pensam nas pessoas. Muitas vezes NUNCA pensam nas pessoas. Entretanto, só podemos dizer, visto que não temos muitas possibilidades de sermos ouvidos:

-"Porreiro, pá!"

Foto 1. "Porreiro, pá!"

Sobral da Adiça/Rosal de la Frontera

No Baixo Alentejo, nas zonas mais isoladas da região, encontramos um "posto" fronteiriço que realmente não deixa de ser uma fronteira para trânsito local que existe mais por vontade dos habitantes locais do que pelas autoridades competentes.

Rosal de la Frontera é, como já disse em outro 'post', uma importante aldeia fronteiriça fundamental no trânsito de viaturas em direcção Sevilha e Beja. Mas Sobral da Adiça não deixa de ser uma simpática mas pacata aldeia alentejana onde o tempo parece ter parado há muito.

A aldeia fica num canto da Serra da Adiça. Pertence ao concelho de Moura, sendo que é uma das freguesias do concelho. As localidades vizinhas mais príximas são V. V. de Ficalho, Safara e Santo Aleixo da Restauração, para além da espanhola e andaluza Rosal.

Quase à saída da aldeia, uma estrada alcatroada mas sem qualquer sinalização, leva-nos por uma aprazível viagem desde a qual podemos divisar a planície alentejana e a vizinha Serra da Adiça. Excusado é dizer que o montado alentejano faz parte da paisagem típica da região. Indo por esta estrada serpenteante chegamos a um cruzamento que nos obriga a virar à esquerda e logo a direita. É a fronteira. Mas o viajante segue sem compreender que tem passado o limite fronteiriço até encontrar sinais, centenas de metros mais abaixo, que nos indicam que estamos perante uma estrada local da Andaluzia. É por isso que a tradicional fotografia da fronteira é aqui, uma foto vista ao longe, apartir do ponto em que demos por nós que tínhamos atravessado a Raia.

Sem dúvida uma excursão ideal para quem procura calma e tranquilidade e respirar o ar da natureza em estado puro. A não perder nos meses de Maio e Junho, quando ainda não está tanto calori, mas a temperatura é muito agradável.

Foto 1. Vista de Sobral da Adiça e da serra do mesmo nome.
Foto 2. Vista geral de Sobral da Adiça vindo de Safara.
Foto 3. Montado alentejano e Serra da Adiça.
Foto 4. Limite fronteiriço. A fronteira fica entre a árvore do meio e a da direita onde estão os sinais indicadores.

Mapa. Fronteira de Sobral da Adiça/Rosal de la Frontera. Pode verificar-se o já indicado no texto.


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segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Vila Nova de Cerveira/Goián

Até há relativamente pouco tempo o único posto fronteiriço existente entre o Norte de Portugal e a Galiza para estes lados da ribeira do Minho era a fronteira Valença/Tui pela velha ponte Eiffel sobre o Minho. Com a entrada de Portugal e Espanha na União Europeia e os acordos luso-espanhóis, de forma progressiva foi possível atravessar a fronteira com as novas pontes que se foram construindo. A mais recente foi a chamada Ponte da Amizade entre Vila Nova de Cerveira e Goián, no concelho galego de Tominho.

Aberta desde Junho de 2004, esta ponte suporta agora um intensíssimo trânsito transfronteiriço, em ambos os dois sentidos, atraídos, sem dúvida, por diversos motivos, aos quais não são alheios a beleza do vale do Minho e as aldeias e vilas ribeirinhas como Vila Nova de Cerveira. Antigamente o trânsito fazia-se por meio de um ferry-boat que ainda liga ambas as duas localidades tal como ainda se faz entre Caminha e Camposancos (A Guarda).

Esta região é, sem dúvida, uma das mais belas e lindas do Minho, e mostram uma continuidade no espaço que vai além fronteiras: um rio, dois países, mesma paisagem, mesma gente. A fronteira não foi capaz de apagar os contactos entre pessoas, mesmo nas épocas mais difíceis, até porque a língua ajuda(va), vistas as semelhanças entre o galego e a nossa língua portuguesa. O resultado é uma intensa relação comercial e cultural entre ambos os lados do Minho que não pode senão ser incentivada.

Não podemos esquecer o importante papel de Vila Nova de Cerveira como polo cultural com a Escola Superior Gallaecia, que oferece quatro licenciaturas em Arquitectura, Design e Paisagismo, frequentada por estudantes de ambos os lados da fronteira. Ou o festival de cinema galego e português Filminho que decorre nas localidades de Vila Nova de Cerveira e Goián. Ou as feiras, ou o comércio, ou o Aquamuseu do Minho onde se pode ver uma amostra da variedade natural do rio Minho: aquário, pesca, etc. Sem dúvida uma forte razão para deixar-se cair por esses lados e fazer uma visitinha...

Para finalizar, nada melhor que contemplar as seguintes fotografias se deliciar com a beleza da região, mesmo longe da zona.

Foto 1. Vila Nova de Cerveira e rio Minho vistas da Pousada de D. Dinis e ponte da Amizade ao fundo.
Foto 2. Ponte da Amizade e rio Minho (Galiza, esquerda; Portugal, direita).
Foto 3. Pôr do sol no rio Minho (Goián à frente).
Foto 4. Rio Minho e embarcadouro do ferry-boat V.N. Cerveira (esquerda)/Goián (direita). Aldeia de Gondarém ao fundo.
Foto 5. Vista geral de Vila Nova de Cerveira.

sábado, 11 de outubro de 2008

Fortalezas da Raia: Juromenha.

Com este primeiro post pretendo iniciar uma série histórica sobre fortalezas da Raia, já que a fronteira foi muito mais do que simplesmente uma linha ou um traço em uma terra qualquer.

No cimo de um outeiro com vistas ao rio Guadiana, ergue-se sobranceira, a fortaleza de Juromenha, situada na freguesia de Nossa Senhora do Loreto, no concelho de Alandroal. Juromenha é hoje uma pacata aldeia alentejana longe da "civilização", que conta com apenas cerca de 150 habitantes que se espalham pelo espaço extra muros circundante.

A História desta localidade perde-se na noite dos tempos. Há uma lenda que diz que um conde, nos tempos dos Godos, tinha uma irmã muito bela. O conde, cheio de desejos libidinosos, propus à irmã ter relações, coisa à que a tal se negou em rotundo aceder a tais proposições incestuosas. Muito irado, prendeu-a e meteu-a na cadeia para quebrar a vontade dela no que hoje é a actual localidade. A tal irmã tinha o nome de Menha. Quando o conde mandava seus criados ter com ela para ver se tinha mudado de parecer, ela dizia firmemente: "Jura Menha que não". E assim ficou o nome de Juromenha.

É claro que isto é apenas uma lenda, mas o fundo da História pode ser real. É muito provável que a região estivesse dominada por algum aristocrata hispano-romano como propietário dos latifúndios que, como todo o mundo sabe, são uma marca de identidade do Alentejo. Temos notícias de que Juromenha era chamada de Julumaniya sob a dominação muçulmana e que foi alvo de atenção das tropas de D. Afonso Henriques, nosso primeiro rei. Após a conquista de Évora em 1165 com a ajuda de Giraldo Sempavor, as tropas portuguesas ocuparam a vizinha Elvas e Juromenha em 1167. Foi então quando D. Afonso Henriques tentou o cerco de Badajoz em 1170. Prestes a tomar a alcáçova, apareceu nesse momento o rei de Leão, Fernando II, genro do nosso rei, que considerava a cidade, segundo o Tratado de Sahagún de 1158 assinado com o seu irmão Sancho III de Castela como parte do território à que tinha direito uma vez fossem expulsos os muçulmanos almóadas que eram, na altura, os verdadeiros donos da cidade. Isso obrigou nosso rei a fugir, retirando-se da cidade. Foi então quando ao passar pelas portas da cidade a cavalo, feriu-se numa coxa depois de se ter dado contra elas. Foi o seu genro quem chamou os melhores médicos para que curassem o seu sogro. Tal desfecho foi conhecido como Desastre de Badajoz.

Juromenha perdeu-se de novo em 1191 e não foi recuperada até 1241, quando Paio Peres Correia a reconquistou. O rei D. Dinis deu-lhe foral em 1312 e fortificou-a com um castelo assente nos actuais terrenos da fortaleza, rodeado de dezasseis torres rectangulares. Foram celebrados aqui os casamentos de D. Afonso IV com Beatriz de Castela e de Afonso XI de Castela com Dª Maria de Portugal.

A aldeia voltaria a ter muita importância histórica na época da Restauração, quando foi construida a fortaleza para evitar ataques dos espanhóis por Nicolau de Langres apartir de 1646. Depois de uma explosão no paiol da pólvora em 1659, Langres traiu Portugal e passou ao serviço de Espanha, ajudando às tropas espanholas à tomada da fortaleza que tinha construído em 1662, permanecendo na posse dos espanhóis até 1668 com a assinatura do Tratado de Lisboa que reconhecia a nossa independência. Uma nova ocupação espanhola decorreu entre 1801 e 1808 aquando da Guerra das Laranjas. O Tratado de Badajoz de 1801 vai supor a perda de Vila Real de Olivença para o concelho, já que esta aldeia, mesmo ficando no outro lado do Guadiana, fazia parte do concelho de Juromenha e não do de Olivença.

Juromenha entra então num declínio acentuado, sobre tudo depois do concelho ter sido extinto em 1836 e ser anexada como freguesia do concelho de Alandroal. A população abandona a fortaleza e começa a se instalar extra muros ao redor da ermida de Santo António, hoje centro vital da aldeia.

A fortaleza fica abandonada e, aos poucos, entra num processo de degradação que, infelizmente, chega até os nossos dias. Apesar de algumas chamadas de atenção e de alguns projectos que visariam transformar a fortaleza num estabelecimento turístico, nada se concretizou ainda. As fotografias são uma amostra do estado de abandono em que se encontra. No entanto, é indiscutível a beleza do lugar, nas margens do Guadiana, hoje mais crescido por chegar as aguas do Grande Lago formado pela barragem de Alqueva, cuja cauda chega até este lugar.

O conjunto é ideal para um passeio de meia tarde após um almoço, especialmente na primavera ou no outono, para não sofrer nas nossas carnes as rigorosidade do clima alentejano, especialmente nos quentes verões que assolam a região.

Foto 1. Portal de entrada à fortaleza.
Foto 2. Interior da fortaleza.
Foto 3. Vista de uma das 'ruas' da fortaleza. Repare-se no estado de abandono.
Foto 4. Baluartes da fortaleza.
Foto 5. Zona abaluartada e vista parcial da aldeia.
Foto 6. Vista do Guadiana (à norte) com as Terras de Olivença à direita.
Foto 7. Vista do rio Guadiana (cauda da barragem de Alqueva) e Terras de Olivença (à esquerda).