quarta-feira, 18 de maio de 2011

Curiosidades fronteiriças: Vilarelho da Raia

Primeiro de tudo, espero que tenham gostado do novo visual do blogue. Pretende ser mais moderno, com ligações para as redes sociais e esteticamente mais agradável.

Hoje vou falar de curiosidades fronteiriças de Vilarelho da Raia, do concelho de Chaves, na região do Alto Tâmega. Já falei da fronteira entre esta localidade e a vizinha aldeia galega de Rabal e fiz aquela piada das couves galegas em território português e não no galego. No entanto, Vilarelho da Raia apresenta outros pontos fronteiriços menos conhecidos do que o seu ponto de passagem fronteiriço principal.

O primeiro é uma estrada de ligação com a aldeia galega de San Cibrao, no concelho de Oimbra, sendo que a parte galega está alcatroada até a ultima casa, próxima da fronteira, e a portuguesa é um caminho de terra batida. O segundo ponto situa-se à saída da localidade, na estrada de Vilarinho da Raia, onde uma estrada sem qualquer tipo de indicativo liga Vilarelho com Rabal. A única indicação da existência da fronteira é a mudança de piso e a sinalética em galego mesmo no limite fronteiriço.

Se já dissemos que o Alto Tâmega tem sido uma região onde a fronteira não foi entrave para as comunicações locais, em Vilarelho da Raia temos um bom exemplo da sua insignificância pois aparece completamente esbatida e só um visitante atento a pequenos pormenores é que dá pela sua existência.

Mais um motivo, pois, para fazer uma visitinha à região do Alto Tâmega.

Foto 1. San Cibrao: Vista geral e entroncamento com sinalização para Vilarelho da Raia.
Foto 2. Ponto fronteiriço visto do lado galego. A mudança de piso indica o limite fronteiriço.
Foto 3. Vistas para a região do Alto Tâmega do limite fronteiriço. Avista-se ao fundo Feces de Abaixo e a nova auto-estrada A75.
Foto 4. Fronteira portuguesa vista do lado da Galiza e marco fronteiriço. Ao fundo, Vilarelho da Raia.
Foto 5. Vista de Vilarelho da Raia e da aldeiazinha de Penedo do Corgo do limite fronteiriço.
Foto 6. Vilarelho da Raia e região do Alto Tâmega vista do limite fronteiriço.
Foto 7. Fronteira galega vista do lado de Portugal.


Ver Curiosidades fronteiriças: Vilarelho da Raia num mapa maior
Mapa 1. Mapa de situação.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Fronteiras: Três Marras (Avelanoso/Alcanices)

Depois de um tempo sem escrever nada, volto novamente, esta vez para falar da fronteira das Três Marras, que liga Avelanoso, no concelho de Vimioso, com Alcanices, localidade muito conhecida na história portuguesa pelo tratado de 1297 que definiu as fronteiras do nosso país.

O nome desta fronteira deve-se ao facto de existir uma série de marcos fronteiriços na zona de passagem que delimitam a Raia. A linha da fronteira decorre nesta região que separa a Terra de Miranda da região zamorana de Aliste normalmente pelos cumes das pequenas elevações que nunca foram um entrave para as comunicações se exceptuarmos o caso de Villarino Tras la Sierra e Vale de Frades, onde a aldeia espanhola fica do lado de aquém, isto é «isolada» do resto das aldeias espanholas vizinhas. Estas pequenas serras não atingem uma altitude importante. Enquanto as aldeias ficam, no geral, num planalto que oscila entre os 750 e os 780 metros, tanto do lado do Planalto Mirandês como da região alistana, as colinas que servem de limite não costumam ultrapassar os 900 metros. Serve de separação física e até psicológica de um país e outro mas realmente não nas comunicações que, entretanto, sempre foram muito intensas ao longo da História. Famosas são as estórias ligadas ao contrabando e a emigração nas décadas de quarenta até setenta. Um facto que mostra que as relações de um lado e do outro da fronteira é a recente celebração da romaria de Nossa Senhora da Luz, da qual teremos ocasião de falar mais adiante.

Esta fronteira é uma fronteira local muito transitada. Do lado português, permite chegar à estrada espanhola N-122 e chegar facilmente até Bragança, visto que somente há duas opções sem passar por Espanha pela N218 via Carção e Argozelo até Rio Frio, onde se apanha o IP4 ou pela N218-2 por Pinelo, que são estradas cheias de curvas nomeadamente nas arribas do rio Maçãs. Relativamente à população residente, Vimioso e Alcanices têm mais ou menos a mesma população, ao redor dos 1 200 habitantes e as aldeias envolventes ficam entre os 200 e 300 habitantes no melhor dos casos, existindo mais aldeias do lado transmontano do que do lado alistano.

A estação melhor para uma visita à região seja talvez a Primavera ou o Outono porque o Inverno pode ser duro e frio, com nevões que não são infrequentes e temperaturas em geral muito baixas. No Verão as temperaturas podem atingir perfeitamente os 35ºC e às vezes até os 40ºC no fundo dos rios, se bem as aldeias costumam estar mais cheias de vida pelas férias dos emigrantes que voltam para a terra pelo que as romarias, jantaradas em família lá em casa ou nos restaurantes são habituais. Fora dessa estação a vantagem é que, mesmo com menos pessoas, o contacto humano faz-se com os naturais da região e é mais frequente travar conversa com as pessoas.

A cozinha da região, pelas duras condições climatéricas, costuma ser contundente. O destaque vai, sem dúvida, para a posta mirandesa, um belo naco de vitela que para os amantes da boa carne (vegans abster-se), grelhadinho e mal passado com os sucos naturais da carne a saírem com cada corte no prato é de chorar por mais. E uma sobremesa de papas de milho com compotas é um belo final nesta experiência gastronómica ímpar. Do lado da região alistana, a carne de vitela também não desmerece, designadamente na aldeia de San Vitero onde dizem que preparam as melhores da região.

Sem dúvida, uma muito boa escolha de fim-de-semana ou de até mais dias para quem quiser usufruir da tranquilidade e o sossego sem (quase) sair lá de casa.

Foto 1. Vista da fronteira para o lado de Portugal. Entrada ao concelho de Vimioso.
Foto 2. Marco fronteiriço nas Três Marras.
Foto 3. Caminho fronteiriço (E-esquerda, P-direita) em direcção à Serra de Bouças.
Foto 4. Fronteira vista para o lado de Espanha.
Foto 5. Vista geral de Alcanices, a 4 km. da fronteira.


Ver Fronteira de Três Marras (Avelanoso/Alcanices) num mapa maior

Mapa 1. Mapa de situação.

P.S. Quero dar as boas-vindas aos nossos novos amigos Cristian Facós e Marta D. Espero que continuem a gostar do blogue! Informo ainda que o blogue tem um perfil no Facebook: Fronteiras Historiasdaraia e no Twitter: @FronteirasPT. Para além de informar da saída de novos 'posts', vou recolhendo notícias que aparecem nos jornais de um e do outro lado da fronteira, blogues, sites diversos relativamente às relações transfronteiriças, eventos culturais e tudo aquilo que tenha a ver de uma forma ou outra com a fronteira e que, por motivos evidentes, não podem ser comentados no blogue. Fica pendente uma renovação do visual do blogue que seja mais moderno e mais atractivo, mas as novidades aparecerão aos poucos. Confio em que os leitores gostem!