Rio Guadiana abaixo, já em terras algarvias, nesse Algarve interior, pouco conhecido, deparamo-nos com uma verdadeira jóia arqueológica: o Montinho das Laranjeiras.
Situado a uns 6 km. a sul de Alcoutim, este sítio arqueológico mostra-nos visões de momentos da nossa História antes de Portugal vir a ser Portugal. Aceder ao lugar é muito fácil: baste seguir a EM567 que segue junto ao rio Guadiana, a partir de Alcoutim, ficando, como já foi dito, a 6 km. da localidade à beira da mesma estrada. Além do mais, não há escusa para não fazer uma visitinha porque o acesso é gratuito e passear entre as ruínas existentes não demora mais do que 15-20 minutos.
A particularidade deste lugar reside na sua situação numa planície não muito larga, já que o Guadiana apresenta nesta região uma disposição menos suave, com pequenas montanhas que caem para o rio sem apenas zona ribeirinha. E é que, embora perto da sua foz, ainda não conseguimos imaginar a ampla zona de sapal e salinas que a caracterizam no seu curso mais inferior e isto apesar de nesta região fazerem-se sentir as marés no rio, facto que o converte num rio navegável como já dissemos noutros 'posts' até ao Pomarão em qualquer circunstância e até Mértola em maré alta.
Provavelmente seria essa condição de navegável do rio o que teria feito
desenvolver neste cantinho uma unidade de povoamento que integra três áreas distintas de ocupação contínua e de interacção desde o século I ao século XIII.
A villa romana, onde se identificam estruturas quadrangulares por vezes associadas a pátios centrais em torno dos quais se dispõem outros compartimentos, terá tido inicio construtivo no século I e está associada a actividades agrícolas, piscatórias e a rotas comerciais com Mértola e com o Norte de África.
As estruturas de uma igreja apontam para ocupação visigótica - séculos VI-VII. De planta cruciforme é das mais antigas conhecidas na Península Ibérica, deste tipo, apresentando ainda vestígios de utilização posterior. Uma terceira área é formada por um conjunto de casas islâmicas do período almóada séculos XII-XIII.
A sua situação privilegiada na margem direita do Guadiana faz-nos apreciar as montanhas circundantes, o cultivo da oliveira, muito estendido nesta região, e as vizinhas serras situadas além Guadiana, já em Espanha, em Huelva, uma das províncias da Andaluzia.
De resto, podemos continuar a nossa viagem e desfrutar dos meandros do Guadiana, bem como das vistas da vizinha foz do Odeleite, o último afluente importante do Guadiana antes de desaguar no Atlântico ou bem, se nos dirigirmos para Norte, visitar a vila de Alcoutim e fazer o passeio de barco entre Alcoutim e a localidade andaluza de Sanlúcar de Guadiana. Claro que sempre haverá a opção de fazer um pequeno cruzeiro pelo Guadiana a partir de Vila Real de Santo António onde encontraremos várias opções e preços, com ou sem refeição, tudo ao gosto do freguês e do seu bolso, é claro! Seja como for, a visita destas terras arraianas resulta especialmente reconfortante na Primavera, nos meses de Maio e Junho, quando ainda não sentimos a canícula do interior no Verão, mas sim um calor agradável que pode acabar com um banho na praia mais próxima como cereja no topo do bolo. É só experimentar!
Foto 2. Vista parcial da basílica.
Foto 3. Basílica paleocristã ou visigótica.
Foto 4. Vista do rio Guadiana e da margem espanhola (esquerda do rio).
Foto 5. Vista geral do sítio arqueológico.
Foto 6. Celeiro e casas dos camponeses
Ver Montinho das Laranjeiras num mapa maior
Mapa 1. Mapa de situação.
P.S. Damos ainda as boas-vindas à nossa nova amiga Pille no blogue. Esperemos que sejam mais!