terça-feira, 7 de abril de 2009

Fronteiras: Montalvão/Cedilho

Sem dúvida, uns dos recantos mais desconhecidos do país, para qualquer português ou espanhol é a «fronteira» de Montalvão/Cedilho. Pusemos o termo «fronteira» entre aspas porque não é bem uma fronteira do ponto de vista ao que estamos normalmente acostumados. A fronteira é, neste caso, uma barragem, que por cortesia da empresa espanhola Iberdrola, permite o trânsito de ligeiros designadamente aos finais de semana, a certas horas em que as viaturas podem passar pela barragem evitando, desse modo, ter de se deslocar para a fronteira de Galegos/Puerto Roque, que, como já vimos, liga Marvão com Valência de Alcântara.

Os vizinhos levam anos reclamando uma ponte neste lugar, mas nada se tem feito. Imaginamos que, se para o caso de Alcoutim/Sanlúcar de Guadiana, onde há muita mais população, não se fez nada ainda, muito menos neste caso, mesmo que muito mais singelo, onde o número de pessoas servidas é muito menor e ultrapassa por muito pouco, o milhar. Isto condena esta região a ser um verdadeiro «cul-de-sac», como foram, aliás, muitas zonas raianas até a integração ibérica na União Europeia. O lugar tem uma beleza induvitável nesta zona do Tejo Internacional. Não chega a ser tão íngreme como no caso do Douro Internacional e as suas arribas, mas quase.

Do ponto de vista etnográfico resulta muito interessante por ser uma zona de contacto de influências entre o Alto Alentejo e a Beira Baixa. É ainda, um lugar caracterizado pela sua fauna e flora, bem como os restos geológicos de outrora. É por isso que na região confluem o Parque Natural do Tejo Internacional, um dos últimos parques a ser declarado como tal, em 2000, e ainda o Geopark Naturtejo, integrando, portanto, a rede de geoparques da UNESCO, com interessantes geossítios, com destaque para as vizinhas Portas de Ródão, a escarpa de falha do Ponsul e ainda outros que podem ser descobertos no site indicado. É pena mesmo que a parte espanhola não esteja integrada, sobretudo a parte que se extende entre Cedilho e Alcântara, tendo em conta que tanto Cedilho como Ferreira de Alcântara (Herrera) são aldeias que falam a nossa língua portuguesa.

Sem dúvida, uma ponte na região seria um facto muito positivo. Do meu ponto de vista, a ponte não devia ficar apenas como uma ligação entre Montalvão e Cedilho, mas também com Monte Fidalgo. Isto iria possibilitar que Castelo Branco estivesse muito mais perto destas aldeias. Para Montalvão não haveria tanta diferença, mas mesmo assim, esta cidade ficaria a uma distância mais ou menos similar à de Portalegre. Quanto ao Cedilho, a vantagem seria enorme: 35 km. entre a aldeia e Castelo Branco contra 115 km. até Cáceres. Certamente uma pessoa que estivesse doente de urgência podia ser transportada de maneira muito mais rápida até ao Hospital de Castelo Branco do que até o de Cáceres, uma vez que os acordos entre Portugal e Espanha permitem a partilha de serviços em matéria de saúde. Infelizmente, os políticos são avessos a este tipo de coisas, e dificilmente olham para o benestar das pessoas, designadamente no caso de serem poucos votos e pouco significativas. Mas isso é lá outra conversa...

Como não podia ser de outra forma, nada melhor do que ilustrar isto com umas fotografias da região.

Foto 1. Vista geral da barragem de Cedilho do lado de Portugal.
Foto 2. Vista geral da barragem de Cedilho do lado de Espanha.

Foto 3. Outra vista da barragem do lado de Portugal. Questão: Por que a sinalética está em espanhol? Não deveria estar em português ou pelo menos ser bilingue? Mal, pela companhia.

Foto 4. Acesso à barragem e ao lado espanhol visto do lado português.
Foto 5. Acesso à barragem e ao lado português do lado de Espanha.
Foto 6. «Fronteira» portuguesa. Sinal de boas-vindas para a freguesia de Montalvão.
Foto 7. Vista da barragem da foz do Sever, no ponto em que desagua no Tejo, do lado de Portugal.
Foto 8. Vista da barragem na foz do Sever vista do lado de Espanha.
Foto 9. Rio Sever visto do lado de Espanha.
Foto 10. Vista da foz do Sever e ponte de acesso ao lado de Espanha.
Foto 11. Embarcadouro do rio Sever no lado português.
Foto 12. Vista do Tejo do lado de Espanha com vistas à Beira Baixa (embarcadouro de Monte Fidalgo).
Foto 13. Tejo Internacional: Espanha (direita) e Portugal (esquerda).
Foto 14. Tejo Internacional com o Parque Natural do Tejo Internacional na margem direita do rio.


Ver mapa maior

Mapa 1. Mapa de situação (Montalvão fica a uns 10 km. para sul da barragem).

12 comentários:

  1. Acabo de regresar de unos días en el sur de Extremadura. Incluso estuve visitando Barrancos que no conocía.

    Es una vergüenza e inaceptable que en los pueblos extremeños los paneles de información turística no tengan información en portugués.
    Lo gracioso es que vi carteles anunciando Aprende portugués de la Junta de Extremadura. Ya podían predicar con el ejemplo.

    También hay que criticar que en Barrancos el panel de información turística no tuviera la información en español y sí en otras 2 lenguas extranjeras.

    Qué lento va todo.

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  2. Es cierto lo que comentas. Pero lo cierto es que si me voy a Badajoz o a cualquier localidad extremeña, difícilmente voy a encontrar, por ejemplo, la carta de un restaurante en portugués. Incluso me es difícil encontrar personas que me hablen portugués en una tienda, por ejemplo. En cambio, en Portugal es más fácil que la gente hable español con los turistas y en cuanto a las cartas de restaurantes hay de todo.

    Mi mujer, por ejemplo, se niega a hablar español en Badajoz, porque dice que tal como ellos quieren que les hablen en español en Portugal, ella, en una ciudad fronteriza, también quiere ser atendida en portugués. Lógicamente no hace eso, por ejemplo, en Salamanca. Lo cierto es que todavía hay mucho que hacer. En cuanto a los paneles turísticos, depende mucho de cada municipio. En Portugal lo normal es que sean en portugués, inglés y francés. Hay algunos que añaden el español y el alemán, pero como te digo, depende de cada sitio. En España nunca vi ningún panel en portugués. Como mucho, algún folleto turístico general y poco más.

    Creo que es algo que hay que ir combatiendo poco a poco y con buena voluntad, ya que el defecto es de ambos países. Yo, como domino ambas lenguas, no tengo problemas, pero entiendo que al turista medio no le haga mucha gracia.

    Espero que hayas disfrutado del viaje. Barrancos es una zona muy bonita del país, aunque algo alejada de todo.

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  3. Me parece ser muy corto de miras que un restaurante en cualquiera de las zonas fronterizas no tenga la carta en las dos lenguas.

    Hace un par de años estuve en Badajoz y en ningún sitio de los que entré vi la carta en portugués. Increíble.

    Igual de increíble me pareció el año pasado en Evora un restaurante que tenía la carta en 5 idiomas y el español no estaba entre ellos. Incluso daban la bienvenida en esos 5 idiomas. Que manera más idiota de perder clientes sobre todo teniendo en cuenta que por lo menos el 90% de turistas que había en Evora eran españoles.

    Pero como dices el defecto es de ambos países y de todas las zonas. Viví en Vigo varios años y aunque había multitud de visitantes portugueses, ni rastro de información de ningún tipo en portugués excepto en El Corte Inglés.

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  4. Estoy de acuerdo contigo. Sí que es cortedad de miras, pero por desgracia hay muy poco que podamos hacer, a no ser usar las hojas de reclamaciones o los buzones de sugerencias donde los haya. Creo que el cambio debería estar impulsado por las autoridades correspondientes, ofreciendo servicios de traducción gratuitos, para que dicho cambio fuese gradual y natural al mismo tiempo. Mientras tanto no quedará más remedio que aguantarnos o el recurso a la pataleta.

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  5. A realidade é esta por cada espanhol que sabe dizer umas palavrinhas em "portinhol" há pelo menos 10 tugas que sabem desenrascar-se em castelhano.
    Quanto ao português na Extremadura, pelo que me disseram a Junta Autonómica tem gasto um balúrdio no ensino do português, no entanto, quantos portugueses foram atendidos num restaurante ou numa loja em português? O mesmo não se passa em Portugal, onde não há as ajudas para o estudo do espanhol, que sim há na Extremadura para o ensino do português.

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  6. Olá, cheguei aqui por acaso, por causa duma iniciativa recomendada pela LPN, no próx. dia 9 em Cedilho/Portas de Rodão.
    Parabéns e votos de boa
    continuação...
    J.

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  7. Olá Jorz,

    Bem-vindo ao meu blogue. Já agora, se vier a ler estas palavrinhas, gostaria de saber de que se trata essa iniciativa e quem é a LPN. Talvez seja interessante.

    Obrigado e cumprimentos para si também.

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  8. essa barragem está totalmente construida (o paredão claro) em portugal e é espanhola?

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  9. Sim, é exactamente. É gerida pela espanhola Iberdrola mas o que é a barragem propriamente dita está já em Portugal porque abrange tanto o Tejo bem como a foz do rio Sever, afluente do Tejo, que desagua mesmo nesse ponto, fazendo fronteira.

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  10. Muito bem. Espero que os espanhóis paguem uma boa renda a Portugal. Alias eles construíram barragens em muitos rios, antes desses rios entrarem ou passarem a ser metade de Portugal!

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  11. Por morar longe, pode por favor informar se a Ponte que atravessa o Server em Montalvão está operacional? Caso não, alternativas. Obrigado

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  12. Olá! Para atravessar a ponte do rio Sever no sentido Cedilho ou no sentido Montalvão, (que na realidade é uma parte da barragem) apenas é possível ao fim-de-semana em que a empresa abre os portões. A alternativa, não sendo fim-de-semana é a fronteira de Galegos (c. de Marvão) na direcção de Valência de Alcântara ou a fronteira de Segura (c. de Idanha-a-Nova). Como pode apreciar, muito longe da região. Falavam em fazer uma ponte de raiz mas não há verbas e como lá são quatro gatos pingados, são poucos votos. É a vida!

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