segunda-feira, 31 de maio de 2010

Curiosidades fronteiriças: Vilar Formoso/Fuentes de Oñoro

Quando duas localidades fronteiriças ficam mesmo uma ao lado da outra, o limite fronteiriço é, por vezes, uma curiosidade digna de se ver. Na Raia não temos exemplos como os que podemos encontrar nas fronteiras dos países do Benelux entre eles e com a França e a Alemanha, mas é possível encontrar itens parecidos como é o caso do limite fronteiriço entre Vilar Formoso, na Beira Interior, e Fuentes de Oñoro, na província de Salamanca.

Em tempos já falamos sobre a curiosidade de a fronteira discorrer ao lado da estrada que liga Vilar Formoso com Nave de Haver. Hoje vamos ver mais duas curiosidades nestas duas localidades praticamente gémeas. Na EN332 após a passagem da ponte da ferrovia que liga ambas as duas aldeias, a fronteira fica mesmo ao lado. Em Fuentes de Oñoro existe uma rua conhecida como Av. de Portugal que finaliza mesmo na EN332 e onde existe uma antiga barreira da fronteira já cheia de ferrugem. O sinal de STOP é espanhol e fica mesmo no limite enquanto o sinal oposto de interdição de passagem de camiões é português e também fica mesmo na linha de fronteira. Lá mesmo, do lado do sinal português, segue uma fileira de lajes de pedra a seguir a um marco fronteiriço. Do outro lado uma vedação de arame farpado é a que delimita a fronteira até ao posto fiscal da fronteira internacional.

De resto, em Fuentes de Oñoro é interessante o facto de se encontrarem alguns comércios com sinalética exclusivamente em português como acontece nessa rua, mas isto não admira visto que, segundo o Instituto Nacional de Estatística espanhol, em 2009 a população total do município era de 1 317 habitantes dos quais 512 eram estrangeiros, sendo que 443 tinham a nacionalidade portuguesa, isto é, ao redor do 35% da população da aldeia. Resulta óbvio que alguns portugueses aproveitaram as possibilidades de emprego associadas ao comércio transfronteiriço e internacional da localidade. As filas, designadamente nas bombas de gasolina, costumam ser frequentes em Fuentes de Oñoro uma vez que a ligação entre a auto-estrada A25 portuguesa e a A-62 espanhola ainda não está concluída, faltando uns 7 km. entre ambas as duas auto-estradas, o que obriga às viaturas a passarem pelo posto fiscal tradicional da fronteira do qual referimos a retirada das cabines ainda em 2008. Essa ligação, segundo apurei junto de fontes bem informadas, vai demorar ainda um bocado visto que o contrato assinado com a concessionária do troço do lado espanhol faliu o que obrigou a uma nova licitação e adjudicação de obras. Resta ver se com a crise actual vão começar mesmo essas obras ou não já que o troço internacional só pode ser aberto conjuntamente e resultaria ridículo no mínimo que a ligação com o resto da Europa de Lisboa e do Porto por auto-estrada não fosse completa a causa desse troço que é, aliás, o único que falta. Em Janeiro de 2010 não havia quaisquer obras ou máquinas em movimento na zona aquando da última vez que passei. Façamos figas!

E assim como na estrada de Vilar Formoso para Nave de Haver a fronteira decorre mesmo ao lado, o mesmo acontece na estrada que liga Fuentes de Oñoro com Aldea del Obispo, nomeadamente no troço mais próximo a Fuentes de Oñoro onde os marcos fronteiriços são visíveis mesmo da estrada ficando eles ao lado da berma ou a seguir as vedações de arame. É nesses momentos onde as fronteiras parecem ridículas porque nada distingue uma terra da outra e, no entanto, separam duas culturas irmãs próximas mas diferentes. O poder da fronteira!

Foto 1. Av. de Portugal vista de Fuentes de Oñoro. O sinal de STOP marca a fronteira.
Foto 2. Fronteira vista do lado português com o edifício da alfândega e a antiga barreira fronteiriça.
Foto 3. Vista geral da Av. de Portugal de Fuentes de Oñoro, do lado português.
Foto 4. Marco fronteiriço e linha de lajes de pedra indicando o limite da Raia.
Foto 5. Vedação de arame que marca a linha da fronteira vista do lado português (a seguir ao sinal do STOP).
Foto 6. Marco fronteiriço perto de Fuentes de Oñoro, na estrada SA-470.
Foto 7. Outro marco fronteiriço na mesma estrada.


Ver Curiosidades fronteiriças: Vilar Formoso num mapa maior

Mapa 1. Limite fronteiriço no entroncamento da Av. de Portugal com a EN332.


Ver Curiosidades fronteiriças: Fuentes de Oñoro num mapa maior

Mapa 2. Marcos fronteiriços na estrada SA-470

5 comentários:

  1. Hello there!
    I am very sorry: because of a mistake I have deleted Your kind comment in my blog.
    Please, come back and write again.
    Best wishes!

    ResponderEliminar
  2. parabéns pelo blogue.

    Estive là ontem. As informações do blogue foram muito úteis.

    Foi uma vista muito interessante. O qué acontecerá quando a autoestrada seja terminada y muita gente deixará de passar por istos dois municípios?

    (Ando a aprender portugués e espero possa disculpar as minhas faltas!) Obrigado.

    -----------------

    Ayer estuve en esta frontera. La información fue muy util.

    Fue una visita muy interesante. Qué pasará cuando acaben la autovía y ya no se pase por los dos pueblos?

    ResponderEliminar
  3. Olá Paul.

    Não ligues ao facto de teres alguns erros ortográficos. O importante é praticar a língua, quer oralmente, quer na escrita. Vais ver, que aos poucos, o teu domínio da língua é muito melhor. Acontece a toda a gente.

    Quanto a Vilar Formoso/Fuentes de Oñoro não sei o que vai acontecer. Por enquanto, nada, porque esse troço de auto-estrada está completamente parado. É uma vergonha, por outra parte! Mas acho que os espanhóis vão continuar a comprar nas lojas portuguesas os atoalhados e bugigangas várias e os portugueses vão ir do outro lado da fronteira atestar o carro de carburante e fazer as compras dos produtos que sejam mais baratos em Espanha. O viajante ocasional é possível que queira também atestar o carro antes de entrar em Portugal já que na auto-estrada A-62 espanhola não há propriamente áreas de serviço a não ser desviares-te para uma localidade ou por uma saída qualquer. Vamos ver, mas acho que em, pelo menos três anos, aquilo não vai mudar.

    Fico muito grato pelo facto de o blogue ter-te servido de alguma coisa. Obrigado. E continua a visitá-lo!

    ResponderEliminar
  4. fala tanta coisa mas nao diz nada kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

    ResponderEliminar
  5. No ano 1970 passei de assalto para França , e foi na estação ferroviária de Fuentes de Oñoro que esperei o comboio que me levaria até Paris.

    ResponderEliminar