Pois é! Já há dois anos e mais alguns dias que comecei com este blogue e nunca pensei que conseguiria chegar onde cheguei. Partindo da base de que este blogue não é publicitado em nenhum site (jornais, fóruns, redes sociais, etc.) e que não é um blogue de política, de sexo, local mas sim de tipo cultural, onde não há lugar para sensacionalismos nem demagogias baratas, e tem como tema principal um tópico que na sua maior parte não interessa a muita gente, pode-se dizer que é todo um sucesso o facto de ter tido neste tempo mais de 22 000 visitantes e 17 amigos da rede social Google. E é assim que pretende continuar este blogue onde a maior publicidade são vocês, os leitores que voltam uma e outra vez ou que vêm e vão de blogues amigos com temática semelhante. E para comemorar, hoje há dose dupla!
Voltamos à região do Alto Tâmega que deve ser a que mais fronteiras terrestres têm já que no concelho de Chaves há no mínimo doze pontos de passagem. Hoje falo-vos da fronteira entre Vilarinho da Raia e Rabal. Vilarinho da Raia é uma pequena aldeia de pouco mais de 100 habitantes, situada na beira do rio Tâmega na sua parte internacional que faz parte da freguesia de Vilarelho da Raia que também faz fronteira com a aldeia de Rabal, no concelho galego de Oimbra e que inclui também a aldeia ainda mais pequena de Vila Meã da Raia.
A fronteira fica num caminho de terra batida ou pista como dizem em galego e que provavelmente não demorará em ser alcatroada graças aos fundos comunitários para este tipo de ligações. A Raia está situada a uma distância não mais de cem metros da última casa da aldeia, em um cruzamento onde podemos à direita, dirigirmo-nos até ao Tâmega e, quem sabe, talvez pescar umas trutas no rio.
A agricultura continua a ser importante nestas aldeias transmontanas e galegas vizinhas, se bem trata-se de uma actividade em declínio. Centeio, batata, couve e produtos da horta em geral são as culturas mais habituais para além da pecuária, especializada no gado vacum, e que relembram uma economia camponesa de subsistência. A pobreza económica levou muitos habitantes da região à emigração, nomeadamente a França na região de Chaves, e a Suíça, na região de Verín, facto que se reflecte no casario onde são evidentes as diferenças entre as casas dos emigrantes, maiores e com estilos construtivos que muitas vezes nada têm a ver com a casa tradicional da região, enquanto aqueles que não emigraram tenderam a concentrar-se nos pólos habitacionais de Chaves e Verín, onde se desenvolveram actividades de serviços do comércio, hospitalares, administrativos ou turísticos em uma região onde a fronteira nunca foi entrave para as boas comunicações entre ambos os lados da Raia, talvez por tratar-se de um vale relativamente amplo e fácil de atravessar. O comércio focalizado no visitante, em geral espanhol ou até galegos da região que vinham passar um dia em Chaves, onde era (e ainda é) possível comprar atoalhados, faqueiros, bronzes e bugigangas várias deu passo a uma colaboração maior que cristalizou na Eurocidade Chaves-Verín à qual não é alheia a construção da auto-estrada A24 até Vila Verde da Raia (a falta da ligação muito em breve com a A-75 que conecta Verín com a fronteira) e a Plataforma Logística.
Vilarinho da Raia e Rabal não ficam de fora neste esquema de relações e com a queda das fronteiras, é muito frequente ver automóveis de um e do outro lado da fronteira nestas aldeias a visitarem amigos ou familiares, fazerem compras, ir no café... Até a chegada da crise, designadamente na construção civil, era muito frequente ver empregados da construção civil transportados em carrinhas apurar o último café na fronteira antes de voltar para os seus lugares de trabalho. Do ponto de vista cultura e etnográfico, apesar de ser evidente o facto de existir uma fronteira, a Raia de Portugal com a Galiza é, sem dúvida, a região onde as diferenças entre um e o outro lado da fronteira, embora existentes, deixam transparecer uma cultura comum, semelhante, sobre tudo do ponto de vista etnográfico, nas casas tradicionais, nas culturas, nos costumes ao que não deve ser alheio o facto de terem compartido, na Idade Média, a mesma língua o que, no decorrer dos séculos, deu para manter esses elementos comuns nessas sociedades raianas.
Visitar o Alto Tâmega justifica-se por si só: etnografia, termalismo, monumentos, uma variada gastronomia, as suas gentes, são, sem dúvida, muitos pontos a favor para percorrer uma região muitas vezes desconhecida e que esconde surpreendentes segredos. Como ponto de partida, uma olhadela ao melhor blogue da região com fotografias espantosas é a melhor coisa para se fazer para abrir o apetite quanto a esses segredos. De resto, cabe ao visitante , assim que chegar lá, descobri-los...
Voltamos à região do Alto Tâmega que deve ser a que mais fronteiras terrestres têm já que no concelho de Chaves há no mínimo doze pontos de passagem. Hoje falo-vos da fronteira entre Vilarinho da Raia e Rabal. Vilarinho da Raia é uma pequena aldeia de pouco mais de 100 habitantes, situada na beira do rio Tâmega na sua parte internacional que faz parte da freguesia de Vilarelho da Raia que também faz fronteira com a aldeia de Rabal, no concelho galego de Oimbra e que inclui também a aldeia ainda mais pequena de Vila Meã da Raia.
A fronteira fica num caminho de terra batida ou pista como dizem em galego e que provavelmente não demorará em ser alcatroada graças aos fundos comunitários para este tipo de ligações. A Raia está situada a uma distância não mais de cem metros da última casa da aldeia, em um cruzamento onde podemos à direita, dirigirmo-nos até ao Tâmega e, quem sabe, talvez pescar umas trutas no rio.
A agricultura continua a ser importante nestas aldeias transmontanas e galegas vizinhas, se bem trata-se de uma actividade em declínio. Centeio, batata, couve e produtos da horta em geral são as culturas mais habituais para além da pecuária, especializada no gado vacum, e que relembram uma economia camponesa de subsistência. A pobreza económica levou muitos habitantes da região à emigração, nomeadamente a França na região de Chaves, e a Suíça, na região de Verín, facto que se reflecte no casario onde são evidentes as diferenças entre as casas dos emigrantes, maiores e com estilos construtivos que muitas vezes nada têm a ver com a casa tradicional da região, enquanto aqueles que não emigraram tenderam a concentrar-se nos pólos habitacionais de Chaves e Verín, onde se desenvolveram actividades de serviços do comércio, hospitalares, administrativos ou turísticos em uma região onde a fronteira nunca foi entrave para as boas comunicações entre ambos os lados da Raia, talvez por tratar-se de um vale relativamente amplo e fácil de atravessar. O comércio focalizado no visitante, em geral espanhol ou até galegos da região que vinham passar um dia em Chaves, onde era (e ainda é) possível comprar atoalhados, faqueiros, bronzes e bugigangas várias deu passo a uma colaboração maior que cristalizou na Eurocidade Chaves-Verín à qual não é alheia a construção da auto-estrada A24 até Vila Verde da Raia (a falta da ligação muito em breve com a A-75 que conecta Verín com a fronteira) e a Plataforma Logística.
Vilarinho da Raia e Rabal não ficam de fora neste esquema de relações e com a queda das fronteiras, é muito frequente ver automóveis de um e do outro lado da fronteira nestas aldeias a visitarem amigos ou familiares, fazerem compras, ir no café... Até a chegada da crise, designadamente na construção civil, era muito frequente ver empregados da construção civil transportados em carrinhas apurar o último café na fronteira antes de voltar para os seus lugares de trabalho. Do ponto de vista cultura e etnográfico, apesar de ser evidente o facto de existir uma fronteira, a Raia de Portugal com a Galiza é, sem dúvida, a região onde as diferenças entre um e o outro lado da fronteira, embora existentes, deixam transparecer uma cultura comum, semelhante, sobre tudo do ponto de vista etnográfico, nas casas tradicionais, nas culturas, nos costumes ao que não deve ser alheio o facto de terem compartido, na Idade Média, a mesma língua o que, no decorrer dos séculos, deu para manter esses elementos comuns nessas sociedades raianas.
Visitar o Alto Tâmega justifica-se por si só: etnografia, termalismo, monumentos, uma variada gastronomia, as suas gentes, são, sem dúvida, muitos pontos a favor para percorrer uma região muitas vezes desconhecida e que esconde surpreendentes segredos. Como ponto de partida, uma olhadela ao melhor blogue da região com fotografias espantosas é a melhor coisa para se fazer para abrir o apetite quanto a esses segredos. De resto, cabe ao visitante , assim que chegar lá, descobri-los...











Ver Fronteira Vilarinho da Raia/Rabal num mapa maior
Mapa 1. Mapa de situação.