O dia 28 de Fevereiro teve lugar em Olivença uma Jornada sobre o Português Oliventino, à qual tive o privilégio de poder assistir. O programa foi muito interessante, com palestras diversas de especialistas na matéria.
O destaque foi para o próprio português oliventino, a quem foi pedida uma declaração como Bem Cultural de 1ª Ordem pelo Governo Regional da Extremadura, uma sinalética bilíngue e até a oficialidade do português na região, para além de implementar mais medidas na sequência de impulsar o ensino da língua portuguesa de forma a evitar a sua desaparição.
O problema mais grave da língua portuguesa em Olivença é o seu estado ruim, já que apenas as gerações de mais de 65 continuam a falar o português. A transmissão geracional rompeu-se a partir de 1950 num momento de grande pressão linguística a favor do espanhol, quando o uso de outras línguas que não o espanhol estava proibido. Isso faz com que as gerações médias compreendam passivamente o português mas não o falem e as novas gerações achem um bocado estranho o português que é ensinado na escola que, obviamente, é o português padrão.
Segundo o meu modesto ponto de vista, a única solução para reverter a situação passaria pela declaração da oficialidade do português na região e a implementação do português como língua veicular do ensino a todos os níveis com uma matéria de língua espanhola. Os alunos sairiam com um bom nível de português e de espanhol: o português por ser aprendido na escola, e o espanhol por ser uma língua que iam ouvir em todo o lado: revistas, TV, os média em geral..., adaptando, como diziam os espertos, o português à realidade da região, quer dizer, um português padrão na escrita, mas um português local na fala.
Lá vai o programa da Jornada e umas fotografias do Convento de S. João de Deus, onde decorreram as palestras.
Jornada sobre o Português Oliventino
Sábado, 28 de Fevereiro de 2009
09:30 h. Inscrição de participantes e entrega de documentação
10:00 h. Inauguração
· Guillermo Fernández Vara. Presidente da Junta da Extremadura
· Manuel Cayado Rodríguez. Presidente da Câmara Municipal de Olivença
· Joaquín Fuentes Becerra. Presidente da Associação “Além Guadiana”
10:30 h. Pausa para café
11:00 h. Juan Carrasco González. Catedrático de Língua e Literatura Portuguesas e Diretor do Departamento de Línguas Modernas e Literatura Comparada da Universidade da Extremadura. Olivenza y las variedades lingüísticas de la frontera extremeña
11:40 h. Eduardo J. Ruiz Viéytez. Director do Instituto de Direitos Humanos da Universidade de Deusto e Consultor Externo do Conselho da Europa. La importancia de las lenguas minoritarias en Europa y el papel del Consejo de Europa
12:20 h. Lígia Freire Borges. Leitora do Instituto Camões na Universidade da Extremadura. A língua portuguesa no mundo com o Instituto Camões
12:45 h. 1ª Mesa Redonda. O português de Olivença
· Manuel Jesús Sánchez Fernández. Licenciado em Filologia. O nosso português não tem futuro
· Servando Rodríguez Franco. Licenciado em Línguas e Literaturas Modernas, variante de Estudos Portugueses. Alteraciones en la toponimia de Olivenza
· José António A. Meia Canada. Falante de português oliventino. Testemunhos do nosso português
14:00 h. Intervalo
16:30 h. 2ª Mesa Redonda: Características e situação de outras línguas e dialetos minoritários
· Domingo Frades Gaspar. Presidente da Asociación Fala i Cultura e membro da Real Academia Galega. La fala del valle del Eljas
· Doutor José Gargallo Gil. Professor de Filologia Românica na Universidade de Barcelona. Fronteras y enclaves en la península Ibérica
· Manuela Barros Ferreira. Doutora em linguística pela Universidade de Lisboa. O mirandês, língua de fronteira
· Isabel Sabino. Vereadora da Câmara Municipal de Barrancos. Traços do barranquenho e ações de proteção ou promoção
18:00 h. Projeção de um documentário a cargo de Mila Gritos sobre o português em Olivença
18:30 h. Fim da jornadaEste foi o programa da
Jornada sobre o Português Oliventino, que teve lugar em Olivença o dia 28 de Fevereiro, à qual tive o privilégio de poder assistir. Claro que isso não teria sido possível sem a acção de um grupo de oliventinos sensibilizados com a questão, que fazem questão de usar o português sempre que possível, isto é, a Associação
Além Guadiana que têm um
site e um
blogue se recolhem todas as notícias sobre a questão.
Foto 1. Cartaz da
Jornada sobre o Português Oliventino.
Foto 2. Programa da
Jornada em edição bilíngue.
Foto 3. Convento de S. João de Deus, lugar onde decorreu a
Jornada.
Foto 4. Claustro do Convento e chaminés (chunés) alentejanas.
Foto 5. Claustro e poço do Convento.
Foto 6. Capela restaurada onde teve lugar a
Jornada.